Aves
mudam temperaturas corporais em diferentes climas
Estudo
avaliou 53 espécies africanas
18/04/2023 – As mudanças
climáticas é uma realidade cada vez mais presente
na vida do planeta. No último verão de 2022
o hemisfério norte sofreu com temperaturas extremas.
As altas temperaturas aqueceram a Eurásia, América
do Norte e África, deixando claro que este cenário
deve ser habitual daqui pra frente. E essas temperaturas
influenciam no planeta de maneira devastadora, inclusive
sobre a vida selvagem, com a morte em massa de aves na patagônia,
Argentina e Espanha, por exemplo.
Pesquisadores de todo o
mundo estão debruçados para compreender como
animais selvagens, incluindo as aves, vão lidar com
essas transformações. Estudos podem indicar
o que homem precisa fazer para amenizar os danos, como as
aves serão afetadas e quais espécies estão
mais suscetíveis. Em uma pesquisa realizada com 53
espécies na África para determinar como elas
suportam as altas temperaturas, os pesquisadores descobriram
que as espécies enfrentam de maneira diferente o
calor.
Os pesquisadores queriam
saber como a temperatura corporal de uma ave responde a
chamada “temperatura corporal máxima tolerável”.
As aves parecem reagir de maneira distinta em diferentes
regiões climáticas. Os cientistas acreditam
que a descoberta é importante, pois pode proporcionar
previsões mais precisas sobre vulnerabilidade das
aves em relação às mudanças
climáticas.
Segundos os pesquisadores,
a situação é bastante complicada. “Nosso
estudo mostra que a realidade é mais complexa. As
aves podem ter evoluído dependendo de onde viviam,
para ter variações em características
como temperatura corporal e sua capacidade de lidar com
o calor. Assumir que todos os pássaros lidam com
o calor da mesma maneira pode resultar em previsões
que não refletem o quão vulneráveis
eles realmente são ao aquecimento global. Para melhorar
a precisão de tais previsões, os limites de
temperatura corporal de espécies específicas
precisam ser incorporados.”, explicam em comunicado.
No estudo realizado em regiões
costeiras quentes áridas, frias montanhosas ou quentes
e úmidas da África Austral, os pesquisadores
descrevem a hipótese que as aves que vivem em diferentes
regiões climáticas têm respostas à
temperatura corporal de acordo com as temperaturas extremas
do ar. Para avaliar estes parâmetros, os cientistas
mediram a temperatura corporal das aves, a taxa metabólica
e a perda de água por evaporação, com
a elevação da temperatura do ar.
A pesquisa indicou que aves
do deserto conseguiam viver tranquilamente com temperaturas
do ar superiores a 50°C, e ter um aumento na temperatura
corporal drástica. Essa temperatura se manteve em
44,5°C. Por outro lado, aves de regiões quentes
e úmidas conseguiam suportar temperaturas do ar de
40°C, antes de apresentarem sinais de hipertermia grave.
A temperatura corporal das espécies subiu cerca de
seis graus acima dos normais 38-41°C.
Os pesquisadores relatam
uma espécie, que ocorre em um grande território
da África subsaariana, a quelea-de-bico-vermelho,
que consegue se adaptar com o aumento da temperatura corporal
até 48°C, sem que apresente efeitos nocivos à
sua saúde. Até então, isso era considerado
impossível entre as aves.
O estudo discute como as
aves criaram uma tolerância a temperaturas corporais
mais altas. Os pesquisadores acreditam que aves que vivem
em áreas mais úmidas se adaptam como forma
de equilibrar o resfriamento corporal em um clima mais quente.
Essa capacidade pode significar a sobrevivência do
animal em áreas úmidas, onde a perda de calor
pode ser intensa.
Os pesquisadores explicam
que aves que evoluíram em regiões com climas
úmidos tendem a sobreviver bem a temperaturas quentes
e toleram a hipertemia, ao contrário das espécies
que vivem em regiões desérticas, que usam
o resfriamento evaporativo para evitar a hipertemia. Isso
indica que as espécies evoluem diferentes aspectos
da temperatura corporal, em função da região
que vivem. Mas as mudanças climáticas podem
mudar esta situação.
O estudo reforça
o entendimento de que aves canoras, que representam mais
da metade de todas as espécies de aves no planeta,
são as mais vulneráveis às temperaturas
mais altas e indica caminhos de conservação
das espécies, em função das mudanças
climáticas.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay