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Mistura pode significar mais diversidade para aves
Bandos mistos trazem muitos conhecimentos


09/05/2023 – É comum observarmos grupos de aves da mesma espécie viajando durante as migrações, sendo difícil até distinguir entre um indivíduo e outro. Agora um novo estudo publicado no Philosophical Transactions of the Royal Society B descreve o que acontece em bandos com duas ou mais espécies no Sudeste Asiático. Mesmo quando as espécies estão distantes em suas características, elas ainda parecem convergir para a mesma aparência, em uma tentativa de adequar ao grupo.


As aves têm traços aleatórios que as tornam muito parecidas, então é preciso observar os detalhes para diferenciá-las. Os pesquisadores explicam que a semelhança na plumagem pode ser um tipo de mimetismo, algo não incomum entre aves. Alfred Russel Wallace, contemporâneo de Charles Darwin já havia sugerido que algumas espécies de aves mantêm esse mimetismo, ao observar as semelhanças entre papa-figos e frades na Austrália. Segundo os pesquisadores, aves podem imitar uns aos outros para evitar agressões, se tornar parecido com um adversário mais forte frente a predadores e até para parecem mais tóxicos, cores vibrantes na natureza podem significar toxicidade.

Por outro lado, a semelhança em bandos de várias espécies tem um efeito diferente. Nos chamados bandos mistos talvez a ideia tenha a ver com a capacidade de um predador ficar como um alvo. Essa teoria de que aves diferentes buscam segurança nesta coletividade foi descrita pela primeira vez em 1960, sobre bandos da Cordilheira dos Andes. Contudo, os estudos não foram capazes de apresentar evidências de mimetismo em bandos de várias espécies e a ideia foi abandonada. Em 2010 um novo estudo retomou a ideia na província de Yunnan, na China.

Durante anos, a equipe de pesquisadores passou a registrar as semelhanças em bandos mistos e descobriram padrões repetidos por várias vezes, ainda que eles sejam sutis. No oeste da Ásia, a Cutia nipalensis, por exemplo, parece estar vestida com camadas conflitantes, com uma máscara de penas pretas, asas castanhas e peitos brancos com listras. Outras aves também conseguem imitar outras espécies, conforme vão crescendo, como Gampsorhynchus rufulus, que têm penas enferrujadas na cabeça e asas marrons e tons na barriga que se assemelham aos papagaios com que voam. Existem outras espécies que se enquadram nessas características de semelhança como Garrulax leucolophus. Segundos os pesquisadores, essa conformidade entre espécies dentro de um bando misto pode estar colaborando para a diversidade da região.

Reprodução/Pixabay

 



Segundo os cientistas, se esse evento continuar por tempo suficiente, subespécies podem surgir. "O possível papel que esse tipo de mimetismo desempenha na especiação é a ideia mais interessante do nosso ponto de vista. Muitas dessas aves têm grandes áreas de distribuição e pode haver muita diferenciação nessas características envolvidas no agrupamento dentro de uma espécie”, explicam os pesquisadores em comunicado.

Normalmente um bando é composto de apenas algumas espécies, com algumas mais comuns que outras. Quando existe uma espécie dominante em comportamento e abundância, outras espécies podem achar interessante imitar. Quando são parecidas podem receber algumas vantagens como proteção, acesso a recursos e até durante as viagens. Entretanto, em outras partes do mundo os bandos mistos são mais abertos, reduzindo forças seletivas que possam colaborar com a imitação.

Saiba mais: Rebecca T. Kimball et al, A convergência em bandos de espécies mistas pode levar à divergência evolutiva? Evidências e métodos para testar essa hipótese, Philosophical Transactions of the Royal Society B: Biological Sciences (2023). DOI: 10.1098/rstb.2022.0112. https://doi.org/10.1098/rstb.2022.0112

Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes, polinização de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção e plantio de espécies vegetais, além de atividades socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a importância em atuar na conservação das aves.

Da Redação, com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay

 
 
 
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