Gaivotas
decidem o que comer observando pessoas
Pesquisa
mostra comportamento inusitado das aves
16/08/2023 – O furto
de comida nas áreas costeiras do Reino Unido é
uma cena comum, mas esses delitos são cometidos por
aves, mas especificamente pelas gaivotas. É fácil
observar uma ave roubar um sanduíche ou um pedaço
de pizza. Muitos se incomodam e acreditam que se trata de
um comportamento agressivo das aves. Mas um novo estudo
mostra que gaivotas são mais inteligentes do que
imaginávamos e espécies como a gaiovota-prateada
possuem habilidades sociais. As aves são capazes
de observar o comportamento dos outros e usar as informações
aprendidas para escolher como realizar um forrageamento
mais vantajoso.
A partir de meados do século
20 as gaivotas-prateadas passaram a colonizar áreas
urbanas e se fixaram em muitas cidades costeiras na Europa.
Tornaram-se uma espécie mais generalista, expandindo
sua dieta alimentar, sua escolha durante a nidificação
e seu comportamento reprodutivo. Estudos já mostram
como as gaivotas se adaptam às atividades humanas
e como elas se concentram nos alimentos expostos, inclusive
dando preferência àqueles petiscos que já
foram tocados por humanos.
A pesquisa identificou que
as aves conseguem não só rastrear os alimentos,
mas também escolher as melhores opções.
Foram oferecidos pacotes de batatas fritas em ambiente aberto,
diferenciando as embalagens por cores, sendo que uma das
cores era igual a outros pacotes que os pesquisadores seguravam
a poucos metros das amostras disponíveis no chão.
Cerca de 95% das aves escolheram o pacote de fritas que
tinha a mesma cor que os pesquisadores seguravam. Isso sugere
que as gaivotas podem comparar objetos.
As gaivotas ainda observam
outras escolhas de forrageamento na praia de Brighton e
decidindo depois suas alternativas mais viáveis e
de interesse. Os pesquisadores não identificaram
diferenças entre indivíduos jovens ou adultos.
Contudo, a maioria das aves que tentou bicar os pacotes
eram de adultas, cerca de 86%. Apesar dessas aves representarem
apenas 46% de todas as amostradas. Isso pode sugerir que
roubar comida pode precisar de algum nível de conhecimento
e habilidade, ainda ausente nas aves mais jovens.
Os pesquisadores acreditam
que as gaivotas não evoluíram com os humanos,
pois essa urbanização moderna ocorre há
relativamente pouco tempo, cerca de 80 anos. Portanto, essas
habilidades podem não ter vindo de uma coevolução,
mas de um comportamento mais genérico e amplo. A
gaivota-prateada se comporta com inteligência e versatilidade,
se adaptou bem às áreas urbanas, mas isso
também traz problemas, sobretudo para as pessoas
que passam a serem alvos nas diversas situações
onde consomem alimentos ao ar livre. Ainda há as
consequências para as aves com uma dieta visivelmente
inadequada com alimentos processados e industrializados.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay