Como aves podem detectar ovos de impostores parecidos com
os seus
Espécies acabam chocando ovos de outras espécies
em seus ninhos
01/11/2023 – Pesquisadores
descobriram que drongos-de-cauda-bifurcada conseguem identificar
e rejeitar ovos de impostores em seus ninhos, que são
postados por cucos-africanos e conseguem fazer isso com
precisão de 94%. Os cucos são inteligentes
e criaram um truque onde é possível colocar
seus ovos e não ter o duro trabalho da maternidade,
usando outros ninhos.
Caso o dono do ninho não
perceba o ovo impostor acabará gerando um filhote
de outra espécie. E a situação fica
ainda pior. Quando um filhote do cuco começa a crescer
e derruba os outros (verdadeiros) para for do ninho, uma
prática descrita como parasitismo de ninhada. A nova
pesquisa publicada na revista científica Proceedings
of the Royal Society B mostra em detalhes como isso ocorre.
Segundo a pesquisa, o drongo-de-cauda-bifurcada
tem frustrado a tentativa de enganação dos
cucos. É provável que os drongos tenham desenvolvido
essa técnica por meio da seleção natural.
Observando os ninhos de perto das duas espécies,
os pesquisadores puderam analisar forma, tamanho, cor e
padrão dos ovos e verificaram que são bastante
parecidos e até os próprios pesquisadores
tiveram dificuldade em diferenciá-los.
Os pesquisadores explicam
que a média não mostrou toda a verdade, pois
os drongos-de-cauda-bifurcada têm um padrão
de ovo bastante específico e uma combinação
de cores com uma assinatura, o que varia bastante entre
uma ave e outra. Os cucos-africanos conseguem reproduzir
essa combinação de maneira exemplar, contudo
não são precisos no padrão e na cor.
Para explicar como isso
ocorre, os pesquisadores dizem que os drongos postam ovos
pintados com bolinhas marrons, mas também com manchas
pretas. Mesmo que o cuco-africano consiga reproduzir esses
padrões, eles podem colocar os ovos de maneira trocada
nos ninhos. Ovos com manchas pretas, onde os com bolinhas
marrons prevalecem. Isso faz com que os drongos consigam
perceber a falsificação e o golpe dos cucos.
“Embora os cucos tenham
desenvolvido falsificações excelentes, os
cucos individuais não têm como alvo ninhos
de drongos individuais que correspondam aos seus próprios
ovos. Isso significa que, para cada ovo de cuco posto, a
probabilidade de corresponder suficientemente à assinatura
do drongo é muito baixa”, diz o coautor do
estudo Jess Lund, zoólogo da Universidade de Cambridge,
na Inglaterra, em comunicado.
A pesquisa durou quatro
anos e foi realizada no distrito de Choma, no sul da Zâmbia.
Durante o estudo, foram analisadas as diferenças
entre os ovos das duas espécies. Depois fizeram simulações
com a substituição dos ovos nos ninhos, combinando-os
para dificultar a percepção e a decisão
dos drongos. A cada dia, os pesquisadores avaliavam os ninhos
para observar se as aves tinham rejeitado ou aceitado o
ovo do falsário. Deste modo, puderem definir os padrões
de rejeição e aceitação do drongo-de-cauda-bifurcada.
A partir dessas análises
desenvolveram um modelo que extrapolou a taxa geral de rejeição
que atingiu 93,7%. Os pesquisadores afirmam ter ficados
surpresos com as descobertas. Eles dizem que os cucos-africanos
só conseguem ter com sucesso dois filhotes, durante
toda a vida, mas mesmo assim sua população
é grande em toda a África.
Agora os pesquisadores querem
saber como o drongo-de-cauda-bifurcada tornou-se um especialista
no desarme desse golpe do cuco-africano. Estudos sobre mimetismo
e parasitismo são importantes para compreendermos
como espécies criam vantagens sobre outras e como
isso pode beneficiar ou prejudicar suas populações.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay