Pesquisa pode revelar quais espécies migratórias
têm maior risco devido às mudanças climáticas
Estudo avaliou mais de 600 espécies de aves migratórias
07/11/2023 – Uma nova
pesquisa publicada na revista Global Ecology and Biogeography,
com mais de 600 espécies de aves migratórias,
revela as diferentes estratégias que esses animais
utilizam para identificar e monitorar as condições
climáticas mais adequadas para suas viagens, conhecidas
como nicho ambiental, de acordo com as mudanças das
estações. Características como tamanho
e dieta de uma ave são fundamentais para determinar
como esses animais escolhem os climas mais adequados.
As mudanças climáticas
estão colocando espécies em situações
novas, que nunca foram impostas a elas, deste modo, os pesquisadores
afirmam que o novo estudo pode auxiliar no entendimento
para que a academia e o poder público possam entender
e atuar para preservar a biodiversidade. Os cientistas explicam
que o nicho de uma espécie é o ambiente físico
onde ela vive. Pode ser uma área de floresta, uma
planície, uma região árida; e pode
ter diferentes climas e temperaturas. Quando há uma
mudança nas estações esse nicho é
afetado de maneira direta e por esse motivo as aves migratórias
vão para o sul durante o inverno.
A cada ano as aves buscam
nichos mais agradáveis para sua sobrevivência,
em busca de alimento e locais seguros para acasalamento.
O novo estudo da Universidade de Yale, nos Estado Unidos,
quer saber como as espécies escolhem as rotas e como
fazem esse comportamento de rastreamento de nicho. “Descobrimos
que algumas espécies migratórias podem acompanhar
a temperatura ou a precipitação ao longo do
ano, esforçando-se para experimentar o mesmo clima
durante todo o ano, enquanto outras experimentam forte variação
nas condições sazonais ao longo do ano”,
disse o Dr. Jeremy Cohen, associado de pós-doutorado
e ecologista em Yale, em comunicado.
Os pesquisadores estudaram
uma grande quantidade de registros de aves e dados meteorológicos
para determinar como as inúmeras espécies
enfrentam a mudança das estações. Outros
estudos sobre o tema já haviam sido realizados, com
a avaliação média das temperaturas.
Contudo, a nova pesquisa considera a variabilidade do clima,
com objetivo de obter mais dados e saber como as circunstâncias
mudam com o passar do tempo.
“Pela primeira vez,
podemos determinar quais espécies requerem consistência
estrita tanto na média quanto na variabilidade das
condições climáticas ao longo do ano.
Essa é uma informação crítica
ao tentar determinar a vulnerabilidade às mudanças
climáticas, que está mudando tanto a média
quanto a variabilidade (ou imprevisibilidade) das condições
climáticas”, diz Cohen, em comunicado.
Milhões de registros
de ocorrências, com mais de 600 espécies de
aves, foram estudados e relacionados, com 22 anos de dados
meteorológicos do MODIS (Moderate Resolution Imaging
Spectroradiometer), equipamento da NASA e dados climáticos
da CHELSA (Climatologies at high resolution for the earth’s
land surface areas). A pesquisa utilizou ainda uma nova
ferramenta desenvolvida na própria Universidade,
por colegas do Yale Center for Biodiversity and Global Change,
usada para processar dados em grande escala.
A pesquisa revela que aves
migratórias de longas distâncias, como pequenas
espécies e que se alimentam de insetos, tendem a
rastrear seus nichos durante todo o ano. Já as espécies
de grande porte e que têm a dieta herbívora
ou onívora, tendem a ser mais resilientes e não
acompanham tanto os nichos, conseguindo suportar as variações
sazonais das regiões de acasalamento e de inverno.
Segundo o estudo, espécies
que rastreiam os nichos, ou seja, animais que buscam ambientes
muito específicos deverão sofrer mais com
as mudanças do clima. Já os animais mais resistentes,
que conseguem suportar melhor as diferenças climáticas
serão menos atingidos. As aves são animais
perfeitos para se estudar migração e podem
mostrar caminhos precisos sobre os aspectos de adaptação
às mudanças climáticas.
Referência: Cohen
J, Jetz W. Estratégias diversas para rastrear nichos
ambientais sazonais em escala hemisférica. Global
Ecol Biogeogr. 2023. doi: 10.1111/geb.13722
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay