13/11/2023
– Entre todos os grupos de animais, o das aves parece aquele
que mais interage de forma estrutural com resíduos plásticos
e outros lixos produzidos pelo o homem. Relatos de filhotes de espécies
marinhas de aves que morrem após ingerirem plásticos
ou se enrolarem em redes e linhas de pesca são cada vez mais
comuns.
Uma pesquisa recente
investiga como as aves estão se adaptando a viver com esses
resíduos. A nidificação é uma etapa
fundamental na vida das aves e projetará o sucesso de populações
inteiras, por esse motivo a construção dos ninhos
é essencial nesse processo. Saber quais espécies utilizam
esses materiais pode direcionar características biológicas,
comportamentos entre outros aspectos.
A
pesquisa avaliou mais de um século de literatura científica,
buscando os termos "antropogênico", "material
artificial" e "ninho". Identificaram 2.771 artigos
considerados relevantes, em que havia registros do uso de materiais
produzidos pelo homem em ninhos de aves. Os pesquisadores encontraram
provas desse comportamento, em cerca de 35.000 ninhos de 176 espécies
de aves de todos os continentes, exceto a Antártida, descritos
em 75 artigos.
Ao que indica, esse comportamento
parece ser generalizado entre as aves de todas as espécies
e famílias como Anatinae (ex: patos e marrecos), aves de
rapina (ex: gaviões, falcões), espécies marinhas,
migratórias e aves canoras. Segundo os pesquisadores, as
primeiras evidências do uso desses materiais são de
1830. Entre os materiais encontrados estão papeis, metais,
tecidos e principalmente plásticos, entre outros resíduos.
Os pesquisadores usaram
modelos estatísticos para determinar o uso dos materiais
nos ninhos e para verificar se havia alguma relação
biológica das espécies. Descobriram que o plástico
e outros produtos feitos pelo homem, eram mais comuns e encontrados
em ninhos de espécies com mais diferença de tamanho
corporal, entre machos e fêmeas, e daquelas que constroem
ninhos abobadados mais elaborados. Tudo indica que as aves têm
incluído os resíduos de maneira intencional.
Espécies como
pássaros-caramanchões (bowerbirds), da Nova Guiné
e da Austrália, foram importantes para verificar como machos
usam itens manufaturados em seus ninhos para cortejar as fêmeas.
Os pesquisadores não verificaram linhagens evolutivas separadas
ou diferentes, que tenham usado materiais feitos pelo homem em ninhos.
A pesquisa reforça ainda que espécies generalistas
e que vivem em áreas urbanas se reproduzem com sucesso usando
materiais não naturais.
Criado em 2015, dentro
do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e conservação
desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos
quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão
de sementes, polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio de
espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay
|