02/05/2024
– Em uma pesquisa realizada por cientistas da Universidade
Tecnológica de Nanyang, Singapura (NTU Singapura), foram
encontradas ameaças potenciais e recursos promissores nas
colônias de bactérias e fungos do lixo plástico
que chega na costa de Singapura.
Ao serem introduzidos nos oceanos,
os plásticos são colonizados por microrganismos que
se fixam neles formando uma comunidade ecológica conhecida
como plastisfera. Mesmo sabendo que milhões de toneladas
de lixo plástico atingem os oceanos, e da importância
e magnitude desta comunidade, pouco se sabe sobre a plastisfera,
e como ocorre a interação com os hospedeiros plásticos
em ambientes marinhos tropicais.
Buscando entender a dinâmica
plástico-micróbios, pesquisadores da NTU extraíram
informações de DNA de plastiferas de 14 locais costeiros
de Cingapura. Foram encontradas bactérias potenciais comedoras
de plástico e micróbios nocivos se desenvolvendo nas
amostras.
O estudo publicado na Environment
International é um dos poucos já realizados sobre
plastisfera em ambientes marinhos e costeiros tropical do Sudeste
Asiático, incluindo recifes de coral, florestas de mangue,
leitos de ervas marinhas, praias e águas abertas.
Jonas Koh, estudante de doutorado
da NTU e autor principal da pesquisa, mencionou que a plastisfera
tem o potencial de afetar o destino dos detritos plásticos,
fragmentando-os em microplásticos e influenciando seu comportamento
de afundar ou flutuar. Contudo, há uma falta de conhecimento
sobre os tipos de micróbios presentes na plastisfera em ambientes
marinhos costeiros tropicais, bem como sobre suas interações
e como os detritos plásticos afetam seu desenvolvimento.
Koh enfatizou a importância de responder a essas perguntas
para fornecer informações que possam ajudar os formuladores
de políticas a tomar decisões informadas para reduzir
potenciais ameaças ao ecossistema oceânico no Sudeste
Asiático.
A partir de avançadas técnicas
de pesquisa que envolveram o sequenciamento de DNA, a equipe de
pesquisa da NTU conseguiu encontrar pelo menos 1000 microrganismos,
como bactérias e algas, prosperando nas amostras de plástico.
Sendo muitos destes potencialmente prejudiciais ao ambiente tropical
marinho e costeiro. Labyrinthulaceae, um microrganismo nocivo, foi
encontrado em plásticos coletados em todos os habitats amostrados
e em vários graus de abundância. O microrganismo é
conhecido em países da américa do norte por causar
doenças destruidoras de ervas marinhas, que afetam a saúde
das ervas marinhas e levam à sua mortalidade em massa.
A cianobactéria Lyngbya, uma
tipo de bactéria que utiliza a energia solar por meio da
fotossíntese, foi identificada em grande quantidade nos plásticos
coletados em habitats costeiros. Esta bactéria é conhecida
por causar danos à vida marinha, incluindo organismos como
os mariscos. Além disso, foram encontradas quantidades significativas
de Acinetobacter e Parvularculaceae, bactérias associadas
a doenças dos corais, como a Síndrome da Mancha Escura,
que resulta na descoloração dos corais.
A descoberta de microrganismos potencialmente
prejudiciais nos detritos plásticos é motivo de preocupação,
pois indica a possibilidade de que os plásticos proporcionem
um meio para esses microrganismos se deslocarem entre habitats oceânicos,
com potencial de afetar a vida marinha em toda a região do
Sudeste Asiático. Essa preocupação foi expressa
por Zin Thida Cho, Pesquisador Associado da NTU, na Escola de Engenharia
Civil e Ambiental (CEE) e coautor do estudo.
Além dos microrganismos potencialmente
nocivos, os pesquisadores se depararam com bactérias comedoras
de plástico como Muricauda, Halomas e Brevundimonas. Essa
descoberta é importante, pois essas estirpes bacterianas
podem ser exploradas para acelerar a degradação do
plástico. O coautor do estudo também planeja explorar
esta área em estudos futuros para contribuir para o desenvolvimento
de plásticos ecologicamente corretos e novos processos de
gestão de resíduos plásticos.
O estudo também comparou os
microrganismos encontrados nos detritos de plástico, nos
sedimentos próximos e na água do mar circundante.
Segundo os resultados, os sedimentos influenciam na composição
das comunidades plastisféricas nas localidades costeiras.
Embora sejam necessárias mais pesquisas para descobrir por
que os sedimentos afetam desproporcionalmente a plastifera, a equipe
da NTU disse que a descoberta destaca os impactos da poluição
plástica nos oceanos.
O professor associado da NTU, Cao
Bin, da Escola de Engenharia Civil e Ambiental (CEE) e principal
pesquisador do SCELSE, destacou que há evidências de
que os detritos plásticos que chegam aos ambientes costeiros
abrigam uma grande diversidade de microorganismos, e que eles são
influenciados pelo ambiente em que os plásticos estão
inseridos. Ele enfatizou a importância de as políticas
ambientais considerarem o impacto dos plásticos e das comunidades
microbianas que colonizam esses materiais. Além disso, ressaltou
que a poluição plástica não apenas ameaça
as espécies marinhas, mas também provoca prejuízos
aos habitats essenciais como, manguezais, ervas marinhas e corais.
No futuro a equipe da NTU também
pretende investigar como as comunidades microbianas na plastisfera
aderem a tipos de plásticos distintos e como evoluem nesses
ambientes.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay
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