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Recifes de Fernando de Noronha enfrentam ameaça de poluição plástica

O problema também atinge o arquipélago de São Pedro e São Paulo

 
 

24/07/2024 – Os recifes de coral de Fernando de Noronha e os arquipélagos de São Pedro e São Paulo, dois conjuntos de ilhas oceânicas brasileiras, ambos com rica biodiversidade, enfrentam uma ameaça – resíduos plásticos e equipamentos de pesca descartados.

Um estudo realizado por Hudson Pinheiro, pesquisador vinculado à Universidade de São Paulo (USP) e à Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), revelou que esses dois ambientes recifais estão entre aqueles com maior quantidade de lixo, ao lado dos recifes em as Comores (África Ocidental) e as Filipinas.

“Costumávamos mergulhar nestes locais pensando que íamos explorar um ambiente completamente desconhecido, mas na verdade já havia evidências de impacto humano nestas regiões, com muito lixo e equipamentos de pesca”, revelou o investigador.

Tanto os resíduos plásticos como as artes de pesca negligenciadas representam riscos para a vida marinha. Os animais muitas vezes confundem plástico com comida, levando à asfixia ou intoxicação, enquanto as artes de pesca descartadas, como linhas, redes e anzóis, continuam o seu impacto letal mesmo no fundo do oceano, um fenômeno denominado “pesca fantasma”. Pinheiro enfatiza o efeito prejudicial de tais equipamentos enredarem e quebrarem os corais quando presos nos recifes.

Reprodução/Pixabay

 



O investigador defende uma reavaliação fundamental do uso do plástico pela sociedade e insta os pescadores a adotarem materiais biodegradáveis para mitigar o impacto persistente das artes abandonadas nos ecossistemas marinhos.

Pescaria
Para além do desafio ambiental colocado pelos resíduos, Pinheiro lança luz sobre a extensa atividade piscatória que ameaça a biodiversidade dos corais. Os resíduos de pesca descobertos nestes recifes remotos, longe da costa, sublinham a prevalência da pesca comercial nestas áreas.

Pinheiro observa um “padrão recorrente em que os pescadores, ao descobrirem áreas de pesca ricas, exploram esses ambientes a ponto de esgotar as espécies comerciais”.
Um exemplo comovente é a pesca excessiva do pargo (Lutjanus purpureus) em Fernando de Noronha durante as décadas de 1960 e 1970, levando ao desaparecimento da espécie.

Da mesma forma, em São Pedro e São Paulo, os tubarões foram alvo de ataques nas décadas de 70 e 80, resultando num declínio significativo na população local de tubarões de recife.
Pinheiro, no entanto, destaca uma mudança positiva nos últimos 10 anos, uma vez que as medidas que proíbem a pesca de tubarões permitiram a recuperação gradual destas espécies marinhas.

Apesar do afastamento da costa continental brasileira, essas descobertas sugerem que o impacto nos recifes costeiros, que vão do estado da Bahia ao estado do Rio Grande do Norte, pode ser ainda mais severo, acredita Pinheiro. Vitor Abdala - Agência Brasil - Rio de Janeiro.

Da Agência Brasil
Fotos: Reprodução/Pixabay

 
 
 

 

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