03/12/2018
– A América Latina é a região mais
rica em aves de rapina, mais de dez gêneros são restritos
à região neotropical como Harpagus, Rostrhamus,
Leucopternis, Buteogallus e Harpia. As aves de rapina
incluem águias, gaviões, falcões, corujas,
abutres, urubus e o secretário.
Um estudo publicado na Revista
Biological Conservation que analisou o status de conservação
de 557 espécies de aves de rapina, verificou que 18% dos
rapinantes do mundo estão ameaçados de extinção
e 52% das espécies estão com suas populações
em declínio, mais do que as aves em geral.
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A América Latina é a
região mais rica em aves de rapina, mais de dez
gêneros são restritos à região
neotropical.
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Mais de 80% das aves de rapina
utilizam as florestas e quase metade requerem ambientes florestais.
Os rapinantes mais dependentes de áreas florestais são
os que mais sofrem e espécies residentes possuem mais riscos
que rapinantes migratórios, devido aos intensos desmatamentos
que tem ocorrido nos trópicos. Estas regiões abrigam
muitas espécies, como corujas, por exemplo. As espécies
residentes estão restritas a regiões geográficas
menores e, portanto são mais vulneráveis a impactos
como perda de habitat e mudanças climáticas.
Segundo a pesquisa, as maiores
concentrações de espécies ameaçadas
e de populações em declínio estão
no sul e sudeste Asiático, seguido da África Subsaariana
e América do Sul. A Indonésia é o país
com a maior quantidade de espécies (119) e também
é o que mais possui espécies ameaçadas (63
espécies).
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Urubu-rei (Sarcoramphus papa).
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Os rapinantes mais ameaçados
são os abutres da família Accipitridae, pois mais
de 80% das espécies estão em declínio. Suas
populações vêm sofrendo nos últimos
30 anos no sul da Ásia e na África.
Populações de abutres
do sul da Ásia foram drasticamente reduzidas devido aos
efeitos tóxicos causados pelo Diclofenaco, medicamento
anti-inflamatório não esteroide utilizado em animais.
Populações ao longo
do subcontinente indiano estão se estabilizando localmente
devido algumas intervenções que foram feitas, incluindo
a proibição inicial do Diclofenaco, mas em outras
localidades continuam sofrendo, pois muitos países asiáticos
e recentemente europeus utilizam este e outros medicamentos em
bovinos.
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Gavião-real ou harpia (Harpia
harpyja).
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Na África, abutres e corujas
são mortos, pois muitos acreditam que partes de seus corpos
fornecem benefícios medicinais. Eletrocussão ou
colisões em linhas de alta tensão e abates intencionais
também são responsáveis pela redução
das aves de rapina, porém para muitas espécies a
causa principal de declínio é a destruição
e alteração de habitat para agricultura e exploração
madeireira, por exemplo.
Mesmo os rapinantes que se enquadram
como pouco preocupantes na avaliação global, sofrem
ameaças, pois 38% deles estão em declínio.
Em comemoração ao
centenário da aprovação da Lei do Tratado
das Aves Migratórias (MBTA, na sigla em inglês),
importantes instituições estrangeiras como National
Audubon Society, National Geographic, BirdLife International e
The Cornell Lab of Ornithology, oficializaram 2018 como o Ano
da Ave. Aqui no Brasil, a Agência Ambiental Pick-upau também
realizará uma série de ações para
a promoção do Projeto Aves, patrocinado pela Petrobras,
incluindo matérias especiais sobre as aves nas mais diversas
áreas, como na ciência.
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Mesmo os rapinantes que se enquadram
como pouco preocupantes na avaliação global,
sofrem ameaças, pois 38% deles estão em
declínio.
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Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência Ambiental
Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades
voltadas ao estudo e conservação desses animais.
Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos
e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão
de sementes, polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio de
espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves. Parcerias estratégicas
como patrocínios da Petrobras e da Mitsubishi Motors incentivam
essa iniciativa.
Da Redação (Viviane
Rodrigues Reis)
Fotos: Pick-upau/Reprodução
Com informações
de Aves de Rapina Brasil, 2018; Comitê Brasileiro de Registros
Ornitológicos, 2015; Handbook of the Birds of The World
Alive 2018; Helmut Sick, 1997; IOC World Bird List, 2018; IUCN
Red List of Threatened Species, 2018; McClure, C.J.W., Biological
Conservation (2018); MMA/ICMBIO, 2010-2014. |