01/06/2018
– As aves são importantes em diversas áreas,
como na dispersão de frutos e sementes. Florestas tropicais
contêm muitas espécies raras, com indivíduos
muitas vezes afastados entre si. As aves beneficiam estas espécies,
pois o voo possibilita o deslocamento rápido, permitindo
visitas sequenciais de plantas afastadas umas das outras.
Frutos e sementes também são dispersos pelo vento
e pela água. Na anemocoria ou dispersão realizada
pelo vento, os frutos são secos e deiscentes, as sementes
são pequenas e leves, e geralmente são aladas, ou
seja, contém estruturas que auxiliam o transporte pelo
vento. Na hidrocoria ou dispersão realizada pela água,
os frutos possuem boa capacidade de flutuação e
apresentam durabilidade no meio aquático. Pode ocorrer
em plantas que estão situadas próximas a cursos
d’água ou em locais alagados, por exemplo.
Porém, a zoocoria ou dispersão por animais contempla
grande parte das estratégias de dispersão de sementes
em regiões tropicais, na quiropterocoria a dispersão
é realizada por morcegos, na mirmecoria por formigas, primatocoria
por primatas e na ornitocoria por aves.
Muitas espécies de plantas produzem frutos carnosos que
são consumidos por animais. A produção de
frutos adaptados ao consumo por aves e mamíferos nestes
ambientes é elevada, entre 50 a 90%. Ao consumi-los, estes
animais podem dispersar suas sementes.
|
|
Periquito-rico (Brotogeris tirica)
comendo frutos de jerivá.
|
Ao defecarem ou regurgitarem, as aves dispersam as sementes sem
danos. A dispersão, sobretudo de sementes e frutos grandes,
e de plantas com longos períodos de frutificação,
mas com baixa densidade, depende de grandes frugívoros.
A dispersão de sementes de muitas espécies como
das famílias Myrtaceae e Lauraceae, por exemplo, em geral
dependem desses grandes frugívoros como jacus, tucanos,
arapongas e pavós.
Aves menores como sabiás, sanhaços, suiriris, bem-te-vis,
tiês e saíras também são beneficiados
por espécies como Allophyllus edulis (chal-chal),
Casearia sylvestris (guaçatonga), Colubrina
glandulosa (saguaraji-vermelho), Cecropia pachystachya
(embaúba), Citharexylum myrianthum (pau-viola),
Croton urucurana (sangra-d’água), Eugenia
brasiliensis (grumixama), Eugenia uniflora (pitanga)
e Trema micrantha (pau-pólvora).
|
|
Saíra-sete-cores (Tangara
seledon) comendo frutos de aroeira-pimenteira.
|
Os frutos de Trema micrantha, por exemplo, são
consumidos por sanhaços, tuins, guaracavas, peiticas, pardais,
bem-te-vis, sabiás, tiês, rolinhas, suiriris e saíras.
Trata-se de uma espécie pioneira e com rápido crescimento.
Ocorre na Mata Atlântica de diversos estados no Brasil e
a partir de um ano de idade já inicia seu processo reprodutivo.
O período de frutificação é extenso,
no Estado de São Paulo, os frutos amadurecem de janeiro
a dezembro. Estas características aliada ao alto consumo
de seus frutos pelas aves, faz com que a espécie seja muito
utilizada para a recuperação de áreas degradadas.
A espécie Cecropia pachystachya (embaúba)
também é importante para a restauração
de ambientes degradados, pois é pioneira e apresenta crescimento
rápido. Tolera solo permanentemente encharcado e seus frutos
e sementes são dispersos por zoocoria. Além de morcegos
e primatas, muitas aves consomem seus frutos, sanhaços,
sabiás, saíras, tuins, guaxes, periquitos, tiês,
trinca-ferros, pica-paus, gaturamos, surucuás e até
aves maiores como arapongas, tucanos e araçaris.
Da Redação
Fotos: Reprodução |