22/07/2021
– As aves migratórias estão acostumadas a
viajar por distâncias gigantescas em busca de alimento,
locais de nidificação e temperaturas mais amenas
e essas viagens fascinam os observadores e cientistas em todo
o mundo. E agora os pesquisadores estão mais próximos
de desvendar esse sistema de navegação.
Quando chegada a temporada de
inverno na Índia, no final de 2020, mais de cem espécies
de aves migratórias de todo o planeta seguem para o subcontinente
indiano, na busca de alimentos e locais para procriação.
Viajando por milhares de quilômetros, passando por rios,
pradarias, montanhas, desertos e oceanos. Mas a pergunta que fica
é como essas aves sabem exatamente cada rota, a cada ano?
Uma nova pesquisa afirma
que essa capacidade de sentir o campo magnético da Terra,
funciona como uma bússola, determinando o caminho certo
para as aves. Segundo o estudo, essas aves utilizam proteínas
magneticamente sensíveis, conhecidas como criptocromos,
um pigmento que absorve a luz azul e ultravioleta, localizadas
em suas retinas, que permitem funções de detecção
e sinalização, importantes durante viagens de longas
extensões.
A nova pesquisa, publicada na
renomada Revista Nature, traz mais luz a essa questão e
aproxima os pesquisadores de desvendar como as aves migratórias
conseguem perceber mudanças no clima e tomam a decisão
de iniciar a migração. Pesquisadores da Universidade
de Oxford, na Inglaterra, e da Universidade de Oldenburg, na Alemanha,
analisaram a chamada “bússola viva” de robins
que eles usam para navegar. Verificaram que a espécie tinha
sensores magnéticos e descobriram que havia capacidade
de alta sensibilidade magnética.
"Parece possível -
e eu não diria mais forte do que no momento - que essas
reações químicas altamente especializadas
poderiam dar as aves informações sobre a direção
do campo magnético da Terra e dessa forma, constituir uma
bússola magnética", disse o professor PJ Hore,
da Universidade de Oxford, em entrevista à BBC.
Antes dessa pesquisa,
outras hipóteses já eram discutidas. Ferro oxidado
no corpo das aves, alinhado ao campo magnético exerce uma
força rotacional, conhecida como torque, que gera mudanças
nos sinais de alinhamento do corpo e indicando o movimento correto.
Outra sugestão seria a
proteína criptocromo absorvendo fótons de luz, formando
substâncias químicas magneticamente sensíveis
conhecidas como pares de radicais. Alterações na
reação indicam a direção da ave, em
relação ao campo magnético da Terra. Entretanto,
os cientistas dizem que há possibilidades de ambas as hipóteses
acontecerem com as aves.
Em estudos anteriores, com a mesma
espécie mostraram que os criptocromos (CRY4) estão
em segmentos externos de dois tipos de células fotorreceptoras
na retina, uma região adequada para receber a luz que ativaria
esses criptocromos, desta forma auxiliando a detecção
magnética. Os pesquisadores também descobriram que
conforme a estação migratória chega, o nível
de expressão na retina do robin se amplia.
Essa proteína
CRY1 e CRY2 é encontrada em outros animais e serve para
regular funções que ocorrem em um ciclo diário,
em 24 horas. A equipe do estudo utilizou uma série de métodos
espectroscópicos e simulações de dinâmica
molecular para concluir a pesquisa e afirmam que estão
mais pertos da descoberta, mas precisaram de mais tempo para decodificar
completamente esse GPS natural das aves.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay |