15/07/2022
– Existem muitos modelos de ninhos de aves, isso depende
do tamanho dos animais, de suas características e até
das regiões onde vivem. Um desses modelos de ninho é
aquele conhecido como cúpula, comuns em espécies
da família Icteridae, mas esse padrão pode estar
com os dias contados.
Pesquisadores dizem que 30% das
espécies de aves são conhecidas como arquitetas
de ninhos, construindo abrigos elaborados. Ecologistas acreditam,
há bastante tempo, que ninhos abobadados são mais
seguros contra predadores e ao próprio clima. Contudo,
um novo estudo sugere que espécies de aves canoras que
usam ninhos mais simples podem ter vantagens em longo prazo.
Análises estatísticas
sobre a evolução das aves canoras indicam que ninhos
abobadados era a “arquitetura ancestral” dessas aves.
Isso ocorreu em quase todas as aves dessa categoria que podem
ser rastreadas até a Australásia, há cerca
de 45 milhões de anos, quando Antártida e Austrália
eram ligadas e tomadas por florestas ao invés de desertos.
Entretanto, esses ninhos foram trocados por modelos tipo xícara,
quando as espécies passaram a se espalhar pelo mundo, por
volta de 40 milhões de anos.
Pesquisadores da Universidade
de Melbourne, em Victoria, na Austrália levantaram a questão
do motivo pelo qual aves modernas abandonaram ninhos abobadados
e porque apenas 30% das aves ainda usam esse modelo. Para isso
analisaram o sucesso ecológico de aves construtoras de
ninhos tipo cúpulas, em relação aos construtores
de ninhos tipo copos e relacionaram os resultados com dados da
evolução.
O estudo analisou 3.100 espécies
de aves canoras, verificando a região onde vivem, considerando
latitude e altitude, os modelos de ninhos usados e outras informações
que pudessem influenciar no sucesso de cada espécie.
A pesquisa publicada
revista Ecology Letters revela padrões interessantes. Aves
canoras com ninhos abobadados costumam manter uma região
de alcance menor, com situações climáticas
mais rígidas. Caso esses ninhos oferecessem mais segurança,
isso poderia proporcionar um alcance maior dessas aves e suportar
condições climáticas mais amplas, mas os
resultados do estudo dizem o contrário.
Segundo esses resultados, as aves
com ninhos de cúpulas podem ser menos adaptáveis,
em relação aos que constroem em formato de copos.
Apesar dos modelos abobadados parecerem mais seguros, são
maiores e mais expostos aos predadores. Ninhos maiores levam mais
tempo para serem construídos e precisam de mais matéria-prima,
um custo-benefício analisado pelas aves.
O estudo mostrou ainda que as
aves construtoras de cúpulas costuma viver menos em áreas
urbanas, talvez pela pequena quantidade de locais adequados para
nidificação, escassez de materiais e pelas temperaturas
mais altas. Olhando para a história natural das aves, os
pesquisadores descobriram que aves que constroem cúpulas
tinham percentuais de extinção um pouco mais elevados
que aves construtoras de xícaras, por exemplo, contrariando
a ideia de que os ninhos cúpulas seriam mais seguros.
Para os pesquisadores as aves
construtoras de ninhos tipo domos enfrentam novos desafios como
a perda de habitat, mudanças climáticas e outros
fatores humanos e taxas de extinção estão
acelerando em todo mundo entre várias espécies.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabays |