13/02/2019
– Após 25 anos de observação de aves
nos comedouros de sua casa, na cidade de Erie,na Pensivânia,
a norte-americana Shirley Caldwell foi surpreendida pelo avistamento
de um cardeal meio vermelho e meio acinzentado, no último
mês de janeiro. Foi a primeira vez que Caldwell registrara
a espécie com essas características, das cores divididas.
A norte-americana apaixonada pelas
aves acabou descobrindo, que além da divisão de
cores incomum, o individuo apresentava uma condição
ainda mais excepcional. Tratava-se de um espécime metade
macho e metade fêmea, por conta de uma condição
descrita como ginandromorfismo bilateral, apresentando parte do
corpo com características do macho e parte da fêmea.
Apesar de rara, essa condição
já foi descrita na literatura. Em entrevista à National
Geographic Magazine, o ornitólogo Daniel Hooper, explica
que isso pode ocorrer em qualquer espécie da avifauna,
entretanto, é mais fácil identificá-la quando
o indivíduo apresenta as duas cores características
das fêmeas e dos machos. No caso do cardeal, a espécie
apresenta o dimorfismo, quando o macho apresenta (penas avermelhadas)
e a fêmea (plumagem acinzentada), ou seja, cores diferentes.
Segundo Hooper, isso é
possível porque o sexo biológico das aves não
ocorre da mesma maneira que nos mamíferos, onde as fêmeas
possuem duas cópias do cromossomo X e os machos têm
uma cópia de cada cromossomo sexual (Y e X). Nas aves,
ocorre o oposto, são machos que mantêm duas cópias
do mesmo cromossomo (ZZ), e as fêmeas têm uma de cada
(ZW).
O mais comum seria que uma ave
fêmea produzisse duas células-ovo, sendo uma apenas
com o cromossomo Z e outra com o cromossomo W. No entanto, quando
uma célula-ovo da fêmea se desenvolve com os dois
cromossomos (Z e W), sendo duplamente fertilizada por espermatozoides,
surge o ginandromorfismo, o que ocorreu no cardeal registrado
por Caldwell, na Pensilvânia. Ou seja, o filhote desenvolve
metade do corpo com células masculinas (ZZ), metade com
femininas (ZW).
Segundo Hooper, na maioria dos
casos, indivíduos com essas características são
inférteis, no entanto, o pássaro registrado na Pensilvânia
pode ser uma exceção a essa regra. “Este pode
ser fértil porque seu lado esquerdo é feminino,
e apenas o ovário esquerdo das aves é funcional”,
afirma Hooper. Deste modo, é possível que filhotes
apareçam na região, pois segundo Caldwell, o pássaro
com duas cores sempre foi visto na companhia de um macho.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Parcerias estratégicas como patrocínios da Petrobras
e da Mitsubishi Motors incentivam essa iniciativa.
Da Redação,
com informações da Revista Galileu e National Geographic |