22/04/2019
– O kakapo (Strigops habroptilus) é a espécie
de papagaio, digamos assim, mais gorda do mundo e chegou a ser
uma das aves mais comuns da Nova Zelândia, até chegarem
ao declínio e ficarem ameaçados de extinção
por causa da caça; da perda de habitat, pelo desmatamento
e por predadores. O resultado desses impactos foi o registro de
apenas 147 indivíduos adultos.
Mas agora uma nova geração
desses papagaios traz um alento para pesquisadores e ambientalistas.
Na última temporada os kakapos neozelandeses tiveram 76
filhotes, o maior número já registrado, desde que
iniciou o monitoramento, informou o Departamento de Conservação
(DOC) da Nova Zelândia. Segundo os pesquisadores, espera-se
que ao menos 60 filhotes cheguem à vida adulta. A nova
geração corresponde a duas vezes o registrado na
última temporada, em 2016.
New Zealand
Department of Conservation/Reprodução
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Bebês kakapos são acompanhados
por cientistas, para aumentar suas chances de sobrevivência.
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Também conhecido
como papagaio-mocho, a espécie só se reproduz uma
vez a cada dois ou quatro anos. Com condições bem
específicas, os kakapos postam ovos quando há abundância
de frutas de uma árvore endêmica da Nova Zelândia,
conhecida como rimu, frutificação que também
só ocorre a cada dois ou quatro anos.
Outro fator que tem atingido a
reprodução dos kakapos é a infertilidade
e a proliferação de doenças, ocasionando
uma mortandade grande de filhotes ou queda no desenvolvimento
de indivíduos adultos. Mais um motivo para comemorar ao
alto índice de natalidade deste ano.
Segundo Andrew Digby, conselheiro
do DOC, pesquisadores verificaram um aumento na frutificação
da rimu nos últimos anos e com isso, fêmeas de kakapos
conseguiram botar mais ovos.
New Zealand
Department of Conservation/Reprodução
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Kakapos chegaram a ser o pássaro
mais comum da Nova Zelândia antes da colonização
humana, que os deixou praticamente extintos.
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"A população
(de kakapos) caiu dramaticamente por conta da ação
de caçadores, de predadores introduzidos (pela colonização
europeia) e pela retirada da mata", diz o DOC. "Os esforços
de conservação começaram ainda em 1894, mas,
em meados do século 20, os kakapos estavam à beira
da extinção."
Com hábitos noturnos, os
kakapos são incapazes de voar, por isso vivem no chão
e ficam mais expostos a predadores. Segundo as autoridades neozelandesas,
antes da colonização humana os papagaios eram abundantes
nas ilhas. Mas em 1977, o registro indicava que apenas 18 espécimes
viviam na região.
Até que foi encontrado
na Ilha Stewart, no extremo sul da Nova Zelândia, um grupo
de kakapos. Desde então um esforço de pesquisadores
fez aumentar a população das aves em outras ilhas,
onde não havia ameaça de predadores externos. O
projeto de conservação cria kakapos recém-nascidos
em laboratório, para depois serem inseridos na vida selvagem,
sempre acoplados a um transmissor para monitoramento. Com os cuidados
em cativeiro, as aves ganham suplementos alimentares, aumentando
suas chances de sobrevivência.
New Zealand
Department of Conservation/Reprodução
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KObjetivo é que população
de kakapos chegue a 500 espécimes; hoje existem
apenas 147 aves adultas.
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"Esses pássaros
não têm muita privacidade", brinca Digby. "Consigo
ver pela internet o que eles estão fazendo, se estão
acasalando, por quanto tempo e qual a qualidade do acasalamento.
Essa é provavelmente uma das espécies mais gerenciadas
do mundo, certamente a mais gerenciada da Nova Zelândia."
Segundo Digby, a expectativa e
elevar a população dos kakapos a 500 indivíduos
e fomentar campanhas de conscientização. "O
objetivo de nosso programa é que cada criança (do
país) cresça sabendo o que é um kakapo, assim
como sabem o que é um elefante e um leão."
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Parcerias estratégicas como patrocínios da Petrobras
e da Mitsubishi Motors incentivam essa iniciativa.
Da Redação, com
informações da BBC
Fotos: New Zealand Department of Conservation/Reprodução |