25/05/2019
– Há cerca de 136 mil anos uma ave conhecida como
Aldabra rail (Dryolimnas cuvieri), vivia no atol de Aldabra,
no Oceano Índico, mas uma inundação acabou
por matar diversas espécies, incluindo a Aldabra. Entretanto,
a ave reapareceu na região, sendo hoje a única espécie
que não voa habitando a região.
Esse processo evolutivo raro é
conhecido como evolução interativa. Milhares de
anos atrás os Dryolimnas cuvieri de Madagascar
migraram para a Ilha da Reunião, Ilha Maurícia e
para ilhas do atol Aldabra, com a ausência de predadores,
a espécie perdeu a capacidade de voar, originando uma nova
subespécie determinada Dryolimnas cuvieri aldabranus.
Durante uma inundação
há 136 mil anos, sem a capacidade de voar, os espécimes
não puderam escapar e acabaram morrendo. Contudo, há
100 mil anos, uma era glacial determinou uma redução
no nível no mar, deixando Aldabra, uma vez mais habitável.
Deste modo, as Dryolimnas cuvieri de Madagascar migraram
para o atol, onde sem predadores, voltaram a perder a capacidade
de voar mais uma vez.
As Dryolimnas cuvieri de
Madagascar deram origem a outras duas subespécies que também
não voam, algo incomum. Essa conclusão foi dada
por pesquisadores da Universidade de Portsmouth e do Museu de
História Natural do Reino Unido, após a análise
de fósseis da ave antes e depois da inundação.
"Este cenário pode
parecer surpreendente, mas os Dryolimnas cuvieri são
conhecidos por serem colonizadores persistentes de ilhas isoladas
e podem evoluir rapidamente sem a necessidade de voar, caso existam
condições adequadas", descrevem os autores
da pesquisa no periódico Zoological Journal of the Linnaean
Society. “Portanto, é provável que a dispersão
de Dryolimnas de Madagascar para a remota Aldabra tenha
ocorrido em várias ocasiões."
Os cientistas também observaram
que uma espécie de iguana e outros lagartos recolonizaram
o atol, entretanto, a maiorias desses animais não sobreviveram,
provavelmente devido a introdução de roedores.
"Somente em Aldabra, que
tem o registro paleontológico mais antigo de qualquer ilha
na região do Oceano Índico, há evidências
fósseis disponíveis que demonstram os efeitos da
mudança do nível do mar em eventos de extinção
e recolonização", disse David Martill, professor
da Universidade de Portsmouth.
"Estes fósseis únicos
fornecem provas irrefutáveis de que um membro da família
de Dryolimnas cuvieri colonizou o atol, provavelmente
vindo de Madagascar, e tornou-se independente de voar em cada
ocasião", informou Julian Hume, do Museu de História
Natural. "Isso sintetiza a capacidade dessas aves de colonizar
ilhas isoladas e evoluir para a ausência de voo em múltiplas
situações."
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Parcerias estratégicas como patrocínios da Petrobras
e da Mitsubishi Motors incentivam essa iniciativa.
Da Redação com informações
da Galileu |