01/02/2020
– Albatrozes são as novas “sentinelas dos oceanos”.
Pesquisadores equiparam as aves com detectores de radar e conseguiram
identificar 100 embarcações com transmissores de
rádio desligados. Os cientistas acreditam que esses barcos
podem estar realizando pesca ilegal ou transferência de
produtos ilegais entre embarcações.
Segundo o Programa Ocean Sentinel,
em parceria com a reserva natural francesa e da Sextant Technology
da Nova Zelândia, a espécie tem características
perfeitas para o experimento, são aves grandes e costumam
percorrer longas distâncias, além de serem atraídas
por barcos de pesca.
Os albatrozes percorreram cerca
de 28 mil quilômetros quadrados entre novembro de 2018 e
maio de 2019. Nesse período os pesquisadores puderam investigar
dados de embarcações que viajavam pelo Oceano Índico.
As aves conseguiram registrar sinais de radares de 353 barcos,
desses 253 possuíam transmissores de rádio ativados
e 100 embarcações encontravam-se em “silêncio”,
ou seja, estavam navegando supostamente invisíveis.
Os loggers usados pelo Ocean Sentinel
utilizam um sistema Argos, com um GPS e um detector de radar.
Mesmo que os barcos pesqueiros não utilizem um sistema
AIS, elas precisam de radar para navegação. Deste
modo, quando os albatrozes se aproximam dos barcos o logger detecta
o sinal do radar, identificando sua localização.
Relacionando os dados das embarcações identificadas
pelo AIS com essas informações, os pesquisadores
podem relacionar esses barcos com atividades ilegais, como a pesca.
“É particularmente urgente localizar as pescas não
declaradas e ilegais que impactam dramaticamente os ecossistemas
oceânicos através da exploração excessiva
dos stocks e da captura de espécies ameaçadas”,
dizem os autores.
Com o uso do logger foi possível
agregar dados como identidade, posição, curso, velocidade
entre outras informações da embarcação
exigidas pelos regulamentos da Organização Marítima
Internacional.
Os cientistas dizem que essas embarcações podem
estar praticando pesca sem licença entre outras ilegalidades.
“Constatamos que, em águas internacionais, mais de
um terço dos navios não possuíam Sistema
de Identificação Automática. Nas Zonas Econômicas
Exclusivas nacionais (ZEE), este número é menor
e varia de país para país, mas ainda assim é
preocupante”, concluem os autores do estudo.
O estudo poderá ajudar
governos no monitoramento de embarcações suspeitas,
visto que, as informações emitidas pelos albatrozes
podem ser acessadas em tempo real. Quanto à segurança
das aves, os pesquisadores afirmam que é pouco provável
que os albatrozes sejam feridos, ou seja, capturados enquanto
estejam próximos aos barcos. A pesquisa deverá ser
realizada agora na Nova Zelândia, Havaí e na Geórgia
do Sul.
Projeto Aves realiza diversas
atividades voltadas ao estudo e conservação desses
animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos
e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão
de sementes, polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio de
espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
da conservação das comunidades de avifauna. O Projeto
Aves é patrocinado pela Petrobras, por meio do Programa
Petrobras Socioambiental, desde 2015.
Da Redação, com
informações da Revista Planeta e do Público |