18/08/2020
– Um psitacídeo multicolorido continua em grave risco
de extinção, apesar do grande trabalho de conservação
que tem sido realizado no sudoeste de Tasmânia. O periquito-de-barriga-laranja
(Neophema chrysogaster), também chamado de papagaio-de-barriga-laranja
é considerado um dos mais raros do mundo, entre as espécies
dessa família. Agora uma pesquisa mostrou que a taxa de
sobrevivência juvenil da espécie foi reduzida pela
metade nos últimos 22 anos.
Apesar de nos últimos anos
um grande trabalho tenha sido realizado para conservar a espécie,
tanto em criadouros da Tasmânia, quanto nas áreas
e destinos de migração, em Victoria e no sul da
Austrália, o maior desafio no momento é descobrir
e entender o motivo dessas aves migratórias estarem morrendo
prematuramente.
Segundo dados do Departamento
Tasmaniano de Indústrias Primárias, Parques, Água
e Meio Ambiente (na sigla em inglês, DPIPWE), compilados
durante 22 anos e finalizados em 2017, cerca de 80% das aves nascidas
no criadouro de Melaleuca morrem durante a migração
da Tasmânia, durante o verão, o outono e o inverno,
em todo o continente.
Segundo o estudo, em
1995 a taxa de sobrevivência desses periquitos jovens era
de 51%, em 2017, essa taxa caiu para 20%, com incertezas sobre
quais ameaças estão pressionando a migração
durante o inverno.
“A migração
é uma coisa difícil de fazer, e é ainda mais
difícil quando você é uma jovem fazendo isso
pela primeira vez”, diz Dejan Stojanovic, da Australian
National University, que liderou o estudo.
"Eles estão definitivamente
entre as três aves mais ameaçadas do país,
possivelmente a ave mais ameaçada do país. O que
sabemos é que eles morrem quando não estão
na Tasmânia, mas a verdadeira causa das mortes e os locais
onde morrem, muito disso ainda é um mistério. Na
maioria das vezes, a conservação consegue lidar
apenas com os efeitos dessa mortalidade. Não estamos realmente
equipados com o conhecimento sobre como protegê-los das
ameaças."
Os pesquisadores suspeitam que
a jornada extenuante das aves mais jovens que sobrevoam o Estreito
de Bass para a Austrália continental em sua primeira migração,
associado ao tamanho reduzido do grupo também pode contribuir
para essas mortes. Segundo Shannon Troy, coautora da pesquisa,
algo esta errado após as aves deixarem Malaleuca, na costa
sudoeste da Tasmânia.
"Achamos que parte do que
está acontecendo é que as aves juvenis voam para
o continente, mas elas nunca viram os tipos de plantas alimentícias
e habitats por lá antes, então elas realmente não
sabem o que estão procurando," diz Troy.
"Elas estão procurando
um bando de aves adultas para se juntarem, mas com tão
poucas adultas, provavelmente estão tendo problemas para
encontrá-las. Portanto, o Governo de Victoria e os Zoos
Victoria têm liberado aves criadas em cativeiro em bons
habitats para atuar como uma pista para os periquitos que estão
migrando pela primeira vez, para atraí-los para a área.",
completa.
Reprodução/Australia
National University
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Os periquitos-de-barriga-laranja
migram da Tasmânia entre fevereiro e abril, retornando ao
estado insular durante a primavera. Em 2016, as pequenas taxas
de sobrevivência juvenil fizeram com que apenas três
periquitos fêmeas selvagens retornassem aos criadouros,
já em 2019 esse número aumentou para 23 indivíduos.
A migração deste
ano registrou uma mistura crescente de aves jovens selvagens e
do criadouro voando para o continente. “Tivemos 118 na última
migração, o que é muito mais do que tivemos
em mais de uma década, possivelmente na década de
1990. Esperamos que algo entre 25 e 50 retorne na primavera",
diz Troy.
Pedidos para novos esforços
de conservação da espécie estão sendo
direcionados para os períodos de migração
e no próprio continente. “O verdadeiro desafio de
proteger papagaios-de-barriga-laranja é que, sem saber
a causa exata da morte e onde eles morrem, é muito difícil
saber o que fazer. O rastreamento é potencialmente parte
da solução, porque pode nos mostrar onde essas aves
morrem e pode nos dar algumas pistas sobre por que morrem”,
argumenta Stojanovic.
Os pesquisadores concordam que
os esforços do criadouro da Tasmânia foram uma das
razões pelas quais as aves ainda estejam voando pela região.
"Poderíamos continuar soltando aves para sempre em
Melaleuca para proteger sua população, mas isso
não vai necessariamente resolver os problemas subjacentes
que essas aves enfrentam na migração e no inverno",
disse Stojanovic.
Manter os jovens seguros durante
o primeiro inverno de suas vidas antes de serem soltos na natureza,
pode ser uma alternativa. "É aqui que você pega
os papagaios selvagens que acabaram de deixar o ninho no sudoeste
de Tassie, e pega uma fração dessas aves a cada
ano e as mantém em cativeiro durante os períodos
de migração e inverno", disse ele.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações do ABC News
Fotos: Reprodução/Wikipedia/Australia National University |