25/09/2020
– Segundo pesquisa publicada na revista “Biology Letters”,
beija-flores andinos reduzem a temperatura corporal durante o
torpor noturno. O estudo foi realizado por pesquisadores da Universidade
do Novo México, nos Estados Unidos e do Instituto Nacional
de Biodiversidade da África do Sul, que disseram ao The
Guardian e ao site Phys, que a pesquisa permitiu conhecer melhor
o processo sobre a temperatura corporal da espécie durante
o sono.
Alguns animais conseguem hibernar
por longos períodos, baixando sua temperatura corporal
e ficando sem ingerir calorias para se manterem aquecidos, é
o caso dos ursos, por exemplo. Por outro lado, existem animais
que entram em estado de torpor, onde seu metabolismo é
reduzido de forma significativa para ser possível manter
a energia durante períodos de baixas temperaturas e menos
oferta de alimentos. No caso dos beija-flores, segundo o estudo,
o torpor dessas aves não se prolonga por muito tempo. Dura
cerca de uma noite, depois seu metabolismo volta ao normal e sua
temperatura corporal atinge até 40°C.
Segundo o professor
Andrew McKechnie, da Universidade de Pretória e do Instituto
Nacional de Biodiversidade da África do Sul, um dos autores
da pesquisa, o estado de torpor é essencial para a sobrevivência
dos beija-flores. Essas aves precisam reduzir grandes quantidades
de energia, com objetivo de manter a temperatura corporal próximo
de 40°C no período noturno. “Eles não
conseguiriam armazenar gordura suficiente no final do dia para
fornecer combustível adequado para durar a noite inteira”,
disse McKechnie ao “The Guardian”.
O estudo foi realizado com diversas
espécies de beija-flores que vivem na região dos
Andes, onde mesmo no verão, as temperaturas à noite
podem ser muito baixas. Os pesquisadores decidiram estudar a termorregulação
nas espécies que vivem no Peru, em altitudes de até
3.800 metros acima do nível do mar.
Os pesquisadores capturaram
26 indivíduos, de seis espécies e colocaram esses
espécimes em gaiolas sem alimentação, para
monitoramento da temperatura corporal. O experimento manteve as
aves nessa condição por uma noite para observar
como os beija-flores se comportariam.
A pesquisa registrou naquela noite
uma queda de temperatura de 2,4°C e os pesquisadores observaram
que 24 dos beija-flores entraram em torpor, que abrange ao menos
um indivíduo de cada espécie estudada. Os cientistas
também registraram que as temperaturas corporais menores
registradas nas aves variaram entre as espécies e os indivíduos.
Foi registrado ainda que a duração do torpor variou
entre cinco e dez horas.
Segundo os pesquisadores,
quanto maior o tempo de torpor, menor a perda de massa corporal.
As aves consumiram a gordura armazenada, com objetivo de se manterem
aquecidos durante a noite e continuarem vivos.
Uma das aves chegou a baixar sua
temperatura corporal para 3,3°C, poucos graus acima do ponto
de congelamento. Segundo os pesquisadores, é o novo recorde
de temperatura corporal entre as aves e mamíferos que não
hibernam. O recorde era de 4,3°C e pertencia ao noitibó-de-nuttall
(Phalaenoptilus nuttallii), um tipo de bacurau da família
Caprimulgidae, a única espécie de ave que hiberna.
Segundo os cientistas,
a pesquisa pode auxiliar em aplicações biomédicas.
“Em um estágio, a Nasa estava se perguntando seriamente
se seria possível induzir um estado de torpor ou de hibernação
em humanos, a fim de ir além da vizinhança da Terra”,
disse McKechnie ao “The Guardian”, sobre as possibilidades
do estudo.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações da Revista Terra e The Guardian
Fotos: Reprodução/Pixabay |