16/11/2020
– Um estudo realizado por Ian Ausprey, da universidade da
Flórida, que rastreou 15 espécies na floresta nublada
do Peru, sugere que o tamanho dos olhos das aves pode ajudar e
prever onde elas se reproduzem e se alimentam. Para o pesquisador,
quanto maior o olho, menor a presa ou mais escuro é o ambiente.
O estudo ainda indica que espécies de aves com olhos grandes
estão mais propensos ao risco de extinção,
pois as florestas devastadas se transformam em terras agrícolas.
A pesquisa revela uma “nova
área fascinante da biologia sensorial”, é
o que diz Richard Prum, biólogo evolucionista da Universidade
de Yale, que não participou do estudo. O tamanho dos olhos
de uma ave diz muito sobre ela, acrescenta Walsh, ecologista evolucionista
da Universidade do Texas em Arlington, que também não
participou da pesquisa.
Reprodução/Ian Ausprey/Florida
Museum of Natural History
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A luz é um fator
de extrema importância, não só para as plantas,
mas também para os animais. Por muito tempo, olhos grandes
estavam associados à necessidade de se enxergar com pouca
iluminação, contudo raras pesquisas estudaram com
profundidade esse impacto no comportamento dos animais.
Recentemente, pesquisadores indicaram
que o tamanho relativo dos olhos das rãs corresponde, ao
local onde vivem e se reproduzem. Outros estudos publicados nos
últimos três anos, indicam que os olhos dos killifish
e das pulgas-d'água variam de tamanho a depender da presença
de predadores. Sem predadores, mesmo com olhos maiores oferecem
uma vantagem potencial de sobrevivência.
Para verificar como o tamanho
dos olhos pode influenciar de forma decisiva na vida das aves,
Ausprey e seu conselheiro, Scott Robinson, ecologista do Museu
de História Natural da Flórida, analisaram 240 espécies
que foram identificadas em uma floresta nublada do Peru. O local
é caracterizado por grandes árvores, fazendas cercadas,
áreas com arbustos e terrenos abertos. Com a variação
da luz entre um ambiente e outro, nos trópicos, por exemplo,
o solo da floresta pode ter apenas 1% da luz que atinge o topo
das árvores, por isso eles incluíram espécies
que vivem em ambos os extratos.
Reprodução/Ian Ausprey/Florida
Museum of Natural History
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Por quatro anos, os
pesquisadores mediram a largura dos olhos de 192 espécies
de aves, capturando-as com auxilio de redes e por meio de fotografias.
Aves maiores tendem também a ter olhos maiores, deste modo,
utilizaram o tamanho relativo para as análises posteriores.
As aves foram dividias em dois grupos, pelo critério do
hábito de caça e forrageamento. Segundo os pesquisadores,
aquelas espécies que tendem a pegar o alimento em poleiros,
costumam ser míopes. A partir desta divisão os cientistas
passaram a monitorar o local onde essas aves passavam a maior
parte do tempo.
Detectores de luz foram instalados
em 71 indivíduos de 15 espécies, presos a pequenas
mochilas com um adesivo médico que segurou as peças
por várias semanas. Assim que os dispositivos caíram,
Ausprey usou um sinal de rádio para rastreá-los
e recuperar os dados.
Após analisar os dados,
Ausprey e seus colegas puderam determinar que o tamanho dos olhos
indicava não apenas onde as aves passavam boa parte do
tempo, como também o que comiam, disseram a Ecology. Como
era previsível, as aves que vivem nas áreas mais
escuras da floresta ou que precisam perseguir insetos de longe,
como os papa-moscas, possuem olhos relativamente grandes. As aves
que viviam em ambientes mais abertos, portanto mais claros, como
o sanhaço-oliváceo, têm olhos comparativamente
menores.
Reprodução/Ian Ausprey/Florida
Museum of Natural History
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Segundo os pesquisadores,
as aves procuravam permanecer nos locais onde seus olhos funcionavam
melhor. O que pode sugerir a ascensão e queda de algumas
espécies, em função da destruição
dos habitats. Para os cientistas, espécies com olhos menores
se desenvolvem melhor em pastagens, campos abertos e plantações
com árvores. Entretanto, as aves com olhos maiores, que
costumam evitar a luz brilhante, ficam mais propensas à
extinção, na medida em que suas áreas de
origem são desmatadas e ficam mais fragmentadas.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações Science
Fotos: Reprodução/Ian Ausprey/Florida Museum of
Natural History |