06/01/2021
– Uma
nova pesquisa publicada no site da Nature, liderada
pela professora emérita, em comportamento animal, da University
of New England, Gisela Kaplan, indica que aves que têm atividades
lúdicas e brincadeira são mais inteligentes. Autora
de vários livros e artigos, Kaplan indica agora uma relação
entre hábitos de brincar e a massa cerebral relativa das
aves.
Segundo a pesquisadora, estudos
anteriores já sugeriam o uso de ferramentas por aves, entretanto
sua pesquisa não havia encontrado nenhuma alteração
significativa na massa cerebral relativa ou uma expectativa de
vida diferente nas aves que não usavam ferramentas. Mas
essa mudança já era vista entre as aves que brincavam
e aquelas que não tinham esse costume.
"Achei que compararia
não apenas a massa cerebral e o uso de ferramentas, mas
a massa cerebral e o comportamento lúdico, que tem sido
um tópico marginal em muitas formas de pesquisa, porque
é difícil inverter, medir e categorizar corretamente",
disse Kaplan ao ABC News.
"Parecia ocorrer em apenas
algumas espécies, então o comportamento lúdico
sempre foi marginalizado como uma coisa adicional peculiar de
desenvolvimento."
"Quando eu comparei as espécies
com comportamento lúdico com as espécies de comportamento
não lúdico, fiquei absolutamente pasma com os resultados.
Aquelas que jogam socialmente têm os cérebros maiores
e aquelas que não jogam, os cérebros menores. Então,
as aves mais brilhantes também são os que brincam
mais intensamente socialmente”, diz a ornitóloga.
"O estudo [também]
mostrou que em aves australianas conhecidas por serem usuárias
de ferramentas, isso não fez diferença em sua massa
cerebral em relação à massa corporal, quer
usassem ferramentas ou não. O tamanho do cérebro
era o mesmo."
Para Kaplan, brincadeiras com
aves se enquadram em três categorias e o tipo de atividade
também está relacionado ao tamanho de seus cérebros.
"Uma [categoria] é o jogo solo e o outro é
o jogo com objeto, então você tem uma folha ou pau
ou pedra e faz algo com ele. Depois há o jogo social, o
que significa que você tem pelo menos outra ave com o qual
interage”, disse ela.
"Existem parâmetros
em torno dessa jogada, que significam que é uma brincadeira.
Mesmo aquelas aves que apenas brincavam sozinhas, com pequenos
gravetos e se penduravam em uma árvore, ou rolavam na grama,
tinham um cérebro maior do que aquelas que não se
envolviam em brincadeiras. As aves mais brilhantes são
as jogadoras sociais, seguidas pelas jogadoras de objetos e as
mais baixas da lista, as jogadoras de solo", explica.
A pesquisadora ainda explica que
existem espécies de aves que brincam mais que outras. "Todos
os papagaios brincam e os periquitos ficam felizes em brincar
a qualquer momento... mesmo quando adultos", disse ela.
Kaplan acredita que
seu estudo pode colaborar no caminho de novas pesquisas sugerindo
que “conclusões falsa podem ser tiradas sobre a conexão
entre o uso de ferramentas e a capacidade cognitiva quando a variável
silenciosa (comportamento lúdico) não elevada em
consideração”.
"É importante agora
começar a pesquisa sobre aves que usam ferramentas e não
brincam". “Elas [aves que brincam] também têm
a expectativa de vida mais longa de todas as aves. Elas jogam
porque têm um desenvolvimento mais lento e mais tempo para
jogar, ou estão jogando e, portanto, maximizam o poder
do cérebro? Não sabemos em que direção
é.", conclui Kaplan.
Criado em 2015, dentro
do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação com informações
da ABC News
Fotos: Reprodução/Pixabay |