01/02/2021
– Barcos pesqueiros na Namíbia realizaram uma mudança
simples e barata e agora estão salvando dezenas de milhares
de aves marinhas vulneráveis anualmente, segundo estimativas
de pesquisadores.
Parte das frotas pesqueiras industriais
utilizam linhas longas equipadas com milhares de anzóis,
que acabam atraindo aves marinhas. Na tentativa de capturar das
iscas, as aves ficam presas nas linhas e acabam morrendo.
Mas agora os pesqueiros
passaram a colocar pedaços de mangueiras vermelhas ou amarelas,
cada uma com alguns metros de comprimento, em linhas separadas
que são rebocadas pelos barcos. Com esse artifício
foi possível afugentar as aves e evitar um grande número
de mortes, segundo uma pesquisa publicada no jornal Biological
Conservation.
Estima-se que apenas em 2009,
mais de 22.000 aves foram mortas acidentalmente por equipamentos
de pesca com palangre (pesca com espinhel). Contudo, a estimativa
é que em 2018, cerca de 215 aves tenham morrido por essa
causa, apesar dos barcos usarem mais anzóis naquele ano.
Entre as várias espécies
que se beneficiaram com a nova medida estão a pardela-preta
(Procellaria aequinoctialis), o albatroz-de-bico-amarelo-do-atlântico
(Thalassarche chlororhynchos) e o atobá-do-cabo
(Morus capensis), cujas as populações se
apresentam em declínio.
Os pesquisadores usam dados coletados
a bordo de navios namibianos para verificar o número total
de mortes de aves marinhas anualmente. “Em muitas outras
áreas onde trabalho, onde perdemos espécies ameaçadas,
seria inédito reduzir a mortalidade em 90% ao longo de
uma década”, disse o coautor Steffen Oppel no Centro
de Ciências da Conservação da RSPB em Cambridge,
ao The Guardian.
As águas da costa da Namíbia
têm grande abundância de nutrientes e alimentos que
sustentam a vida marinha. Para as aves é uma importante
área de sobrevivência. Com essa disputa por alimentos,
no ano passado os barcos às vezes coletavam caixas cheias
de aves mortas que ficavam presas nas linhas de pesca.
A solução encontrada
tem deixado os pesquisadores esperançosos. “O fato
de termos feito algo a respeito... me dá uma grande sensação
de alegria e realização”, disse o co-autor
do relatório, Titus Shaanika, da Força-Tarefa de
Albatrozes da BirdLife International na Namíbia.
O uso de dispositivos que afugentam
as aves marinhas de linhas de pesca é obrigatório
na Namíbia desde 2015. Além das mangueiras coloridas,
que são preparadas por cinco mulheres no porto de Walvis
Bay, os ambientalistas também promovem o uso de pesos que
são fixados aos anzóis com isca, deixando os ganchos
a 10 metros de profundidade, onde as aves marinhas não
alcançam.
Os albatrozes começam seu
ciclo reprodutivo bem mais tarde na vida, ainda assim com moderação,
por isso suas populações ficam bem vulneráveis,
por causa da morte de indivíduos adultos. Nesse sentido,
é importante protegê-los, explica Ed Melvin professor
da Universidade de Washington, ao The Guardian.
Os navios de pesca de arrasto
da Namíbia também passaram a utilizar serpentinas
em seus equipamentos. Entretanto, o estudo revelou que o número
de aves mortas caiu, mas a redução não foi
tão grande como nos navios que usam linhas longas como
isca.
Os pesquisadores acreditam que
isso ocorre provavelmente porque algumas tripulações
relutam, em usar cordas que afugentam as aves, para que não
se enrosquem em seus equipamentos de pesca. Segundo Shaanika,
agora os pesquisadores querem trabalhar com traineiras (pequenas
embarcações de pesca) para reduzir a chance de mortes
das aves marinhas. “Isso apenas mostra o quanto podemos
alcançar se trabalharmos juntos e ouvirmos uns aos outros”,
conclui.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação com informações
The Guardian
Fotos: Reprodução/Wikipedia |