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Machos voam sob cores falsas para atrair parceiras, diz estudo
Microestruturas de penas permitem espécie realçar suas cores, parecendo ser melhores para as fêmeas
 

15/05/2021 – Diversas espécies de aves tropicais têm como características penas pretas com detalhes em cores fortes e atraentes, como vermelhos, amarelos, laranjas em formato de cones, alguns tons quase neons.

Para conseguirem esse brilho ‘extra’ as aves precisam gastar muita energia em busca de alimentos que contem pigmentos de cores diferenciadas, que ao serem metabolizadas penetram nas penas. Para os pesquisadores, esses machos estão enviando sinais as suas potenciais parceiras que mantém uma dieta equilibrada e saudável, estão com a saúde em dia e, portanto são bons candidatos.

No entanto, um novo estudo publicado na revista Scientific Reports, sugere que algumas aves podem estar usando uma propaganda enganosa. Os tanagers (Thraupidae) têm microestruturas em suas penas que realçam as cores. Segundo os pesquisadores, essas microestruturas podem ser como os famosos filtros do Instagram, ou seja, podem mostrar o que não é realmente verdade e talvez não sejam tão atraentes.


Reprodução/Pixabay

 



“Muitos machos são coloridos não apenas porque estão sinalizando honestamente sua qualidade, mas porque estão tentando ser escolhidos”, disse Dakota McCoy, ao NYT. “Esta é basicamente uma evidência experimental de que sempre que há um teste de alto risco na vida, vale a pena trapacear um pouco”, diz McCoy que conduziu a pesquisa como parte de sua dissertação de doutorado.

Para o ornitólogo e ecologista Geoffrey Hill, da Auburn University, o novo estudo é uma importante contribuição para uma discussão de muito tempo. “Os cientistas passaram os últimos 150 anos, desde Darwin e Wallace, tentando entender os ornamentos nos animais e especialmente as cores nas aves. E este é o tipo de abordagem original que nos ajuda”, disse ao NYT.

Os tanagers, como outras aves precisam buscar na natureza elementos que darão a eles esses tons de vermelho, amarelo e laranja. Esse grupo de pigmentos é conhecido como carotenoides. Para conseguir a metabolização desses pigmentos as aves precisam de processos fisiológicos e isso não pode ser ‘falsificado’. Para produzir esses pigmentos as aves “precisam ser saudáveis em nível celular”, disse Hill.

As pesquisas já descobriram que várias aves com cores fortes à base de carotenoides e com altos níveis de carotenoides possui uma função metabólica mais eficiente que seus pares mais comuns nas cores. Podemos dizer que as penas com cor de carotenoides são mais fidedignas, ou seja, que realmente tem uma boa condição fisiológica.

“Segundo essa teoria, uma ave com vermelho vivo grita basicamente: 'Veja como estou saudável', 'Meu sistema imunológico está funcionando' ou 'Meu metabolismo está funcionando' ou 'Estou tão saudável que consigo investir pigmentos em minhas penas '”, disse McCoy. “Este estudo foi nossa tentativa de dizer, bem, isso é verdade? Ou os homens encontraram uma maneira inteligente de trapacear um pouco no jogo da vida?”, conclui ao NYT.


Reprodução/Pixabay

 



O estudo foi realizado com 20 espécimes, sendo um macho e uma fêmea de cada uma das 10 diferentes espécies e subespécies de tanagers (saís e saíras, por exemplo) da coleção de ornitologia do Museu de Zoologia Comparativa de Harvard.

No estudo os pesquisadores confirmaram, por meio de um espectrofotômetro – que mede a quantidade de luz refletida em uma superfície –, que as fêmeas são mais opacas que os machos. Em contraponto, os machos tinham pretos mais intensos e cores mais saturadas que as fêmeas.

Mas a surpresa veio em seguida. Quando os pesquisadores extraíram alguns pigmentos carotenoides de cada espécime, verificaram diferenças evidentes, mas machos e fêmeas apresentavam quantidades e tipos de carotenoides semelhantes.

Outra diferença evidente, identificada com um microscópio de alta definição, era relativa à forma das penas. Nos machos as microestruturas são muito mais elaboradas, com farpas e bárbulas anormalmente planas, largas e que se projetavam em ângulos curiosos. Já as fêmeas apresentaram penas mais simples, com farpas cilíndricas emergindo da haste central das penas e filamentos menores e mais estreitos.

Utilizando um software de modelagem óptica os pesquisadores simularam como a luz funcionava nessas estruturas diferenciadas entre machos e fêmeas. As farpas largas e maiores, comuns nos machos, focalizavam melhor a luz.

O que se pode dizer é uma propaganda honesta da ave, ou seja, a verdade de sua aparência deve estar relacionada à qualidade da saúde do individuo. Ter penas em ângulos diferentes, teoricamente não deveria ter influência na qualidade de uma ave em especial. Sugere-se que as microestruturas podem ter evoluído com maneira simples dos tanagers machos terem uma aparência mais vistosa. “Mas, como acontece com todas as coisas na ciência, precisamos de pesquisas mais cuidadosas para ter certeza de que isso é verdade”, diz McCoy.

Não é possível determinar que exista uma ligação entre cor e qualidade, mas que microestruturas possam interferir nessa relação, desta maneira, machos ‘medíocres’ podem parecer mais atraentes.

Criado em 2015, dentro do setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes, polinização de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção e plantio de espécies vegetais, além de atividades socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a importância em atuar na conservação das aves.

Da Redação, com informações no NYT e de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay

 
 
 
 

 

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