24/07/2021
– Uma nova pesquisa indica que possa recriar a vocalização
de aves, por meio da leitura da atividade cerebral e isso pode
significar um avanço no estudo da atividade neural desses
animais em tempo real. Segundo Timothy Gentner, professor de psicologia
da Universidade da Califórnia, San Diego (UCSD), a pesquisa
pode ajudar no futuro pessoas com doenças que prejudicam
a capacidade de comunicação, pois os cérebros
das aves têm semelhanças com os dos humanos.
"Estamos aproveitando 40
anos de pesquisa em aves para construir uma prótese de
fala para humanos - um dispositivo que não iria simplesmente
converter os sinais cerebrais de uma pessoa em um conjunto rudimentar
de palavras inteiras, mas dar-lhes a capacidade de fazer qualquer
som, e assim qualquer palavra, eles podem imaginar, liberando-os
para comunicar o que quiserem", disse Gentner em comunicado
à imprensa.
A UCSD apresentou um
áudio onde se pode ouvir uma gravação da
vocalização do tentilhão-zebra, seguida por
outra reprodução biomecânica da mesma vocalização
com base nos sinais cerebrais da ave. "Birdsong compartilha
uma série de semelhanças únicas com a fala
humana, e seu estudo rendeu uma visão geral sobre vários
mecanismos e circuitos por trás do aprendizado, execução
e manutenção da habilidade motora vocal", explicam
os autores. "Além disso, a biomecânica da produção
de canções é semelhante à dos humanos
e de alguns primatas não humanos.", diz o comunicado.
Segundo os autores do estudo,
apesar do último ancestral comum entre aves e humanos tenha
vivido há mais 300 milhões de anos, nossos cérebros
conservaram semelhanças significativas. "Neurônios,
os blocos básicos de construção do cérebro
em humanos, aves e quase todas as outras criaturas com uma espinha
dorsal, são notavelmente semelhante. O ponto crucial do
problema em ambas as espécies é o mesmo: como traduzimos
padrões de atividade neural em padrões de sons?
Mas o que torna o canto das aves um candidato ideal para esse
tipo de trabalho é sua similaridade funcional com a fala
humana", dizem os pesquisadores em entrevista ao periódico
Salon.
Os cientistas explicam que algumas
espécies de aves como os papagaios conseguem vocalizar
e se comunicar de modos complexos, como se estivessem compreendendo
a linguagem humana, mas as aves não têm essa capacidade
de linguagem, ao menos não da forma que temos. "A
linguagem permite a criação de significados infinitos
a partir de um conjunto finito de sons e palavras da fala. O canto
das aves, junto com todos os outros sinais de comunicação
não humanos, parece não ter essa capacidade. As
relações mais profundas entre música, linguagem
e a 'complexidade' de um sinal acústico são os tópicos
de pesquisa contínua e expressão artística."
Mas os pesquisadores
lembram que as aves têm vocalizações complexas
e citam um estudo realizado por Toshitaka Suzuki e seus colegas
da Universidade de Pós-Graduação para Estudos
Avançados no Japão, em que gralhas eurasianas conseguiam
emitir chamados específicos para alertar outras aves sobre
a presença de humanos de que não gostavam, o que
pode significar que elas podem identificar indivíduos e
atribuir sons a eles.
"É certamente uma
observação interessante que provavelmente aponta
para a flexibilidade comportamental das aves canoras para se adaptarem
às mudanças em ambientes acústicos, e o quanto
podemos aprender sobre as complexidades do mundo ao nosso redor
se simplesmente pararmos e ouvirmos”, concluem Timothy Gentner
e Vikash Gilja, autores do estudo em comunicado.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay |