28/09/2021
– Uma pesquisa divulgada recentemente aponta como aves terrestres
conseguem voar por centenas de quilômetros sobre o oceano.
Ventos, rotas migratórias e economia de energia são
os fatores explorados por esses animais que enfrentam jornadas
épicas todos os anos.
Aves migratórias estão
acostumadas a realizar longas viagens entre continentes todos
os anos em busca de alimento, locais para reprodução
e climas mais amenos. Estudos indicam que cerca de 4.000 espécies,
40% das aves conhecidas no mundo façam essas jornadas todos
os anos. Um feito extraordinário na natureza.
Para essas aves migratórias,
o esforço é gigantesco, mas imaginem o quanto colossal
pode ser uma viagem dessas para aves terrestres, que não
podem parar para descansar ou mesmo se alimentar quando cruzam
o oceano. Ou seja, precisam cumprir a viagem uma ‘perna
só’ como dizem.
Pensávamos que as aves
terrestres fizessem apenas viagens curtas sobre os oceanos, menos
de 100 quilômetros. Contudo, pesquisas recentes mostraram
que aves identificadas com GPS foram flagradas viajando por milhares
de quilômetros pelo oceano aberto. Descobrir como essas
aves conseguem fazer essas rotas é um grande desafio para
a ciência. Os Pesquisadores indicam que apenas uma espécie,
a águia-pescadora usa as térmicas do ar ascendente
e os chamados ventos horizontais para economizar energia, quando
sobrevoam o oceano.
Nesse novo estudo do Instituto
Max Planck e da Universidade de Konstanz, ambos na Alemanha, pesquisadores
indicam que a atmosfera tem um papel primordial para o desempenho
dessas aves terrestres na migração. Os cientistas
explicam que muitas aves migratórias usam a elevação
e o vento para diminuir a resistência e ampliar a potência
durante o voo, inclusive alterando as rotas, se baseando nas condições
atmosféricas.
“Até recentemente,
a elevação era considerada fraca ou ausente na superfície
do mar. Mostramos que não é o caso. Em vez disso,
descobrimos que as aves migratórias ajustam suas rotas
de voo para se beneficiar das melhores condições
de vento e elevação quando voam sobre o mar. Isso
os ajuda a manter o voo por centenas de quilômetros”,
explica Elham Nourani, principal autora da pesquisa, em um comunicado.
Os pesquisadores usaram dados
de cinco espécies de raptores que costumam fazer longas
viagens pelo mar, mais de 30 quilômetros, urubu-de-mel-oriental
(Pernis ptilorhynchus), urubu-de-cara-cinzenta (Butastur
indicus), águia-pesqueira (Pandion haliaetus),
falcão-peregrino (Falco peregrinus) e falcão-Eleonora
(F. eleonorae).
Diferentes no tamanho, na morfologia
e nas estratégias, usam o voo ascendente para romper grandes
distâncias. Os pesquisadores conseguiram analisar o comportamento
dessas aves na viagem de migração, dessa forma puderam
garantir o voo comum entre todas as espécies estudadas.
Consideraram apenas indivíduos adultos, analisando assim
uma rota já experimentada.
Os pesquisadores conseguiram verificar
que as aves elevam ao máximo o suporte do vento de cauda
para reduzir a energia empregada e o tempo das viagens. Contudo,
descobriram que o uso generalizado do chamado uplift (elevação),
que torna a viagem pelo mar menos cansativa. As aves ainda evitam
áreas com alta variabilidade por longos períodos
no suporte do vento, ao sobrevoar a água, dessa forma reduzem
a energia necessária para concluir a migração.
“Nossas descobertas mostram
que muitas aves terrestres dependem do suporte atmosférico
para completar suas migrações sobre o mar aberto,
indicando sua vulnerabilidade a quaisquer mudanças nos
padrões de circulação atmosférica
da Terra. Estudos colaborativos como este são importantes
para desvendar padrões gerais sobre como as aves migratórias
dependem dos padrões climáticos”, diz Nourani
sobre o estudo que foi publicado na revista Proceedings da Royal
Society B.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay |