28/06/2022
– Adaptação é uma regra na natureza
e nesse momento de aquecimento do planeta, muitas espécies
já se movimentam para buscar locais e ambientes mais amenos
para nidificação, alimentação e mesmo
para sobrevivência. Nesse sentido, espécies de aves,
por exemplo, buscam áreas mais altas, portanto mais frias,
na medida em que os efeitos globais do aquecimento das temperaturas
alteram os locais.
Para o beija-flor-de-anna (Calypte
Anna), que ocorre da costa oeste da América do Norte,
na Califórnia a Vancouver, uma cidade portuária,
na costa oeste da Colúmbia Britânica, no Canadá,
essa mudança de ares não tem sido uma opção,
mas uma necessidade. Uma nova pesquisa demonstra que a espécie
precisa empenhar muito mais esforço para pairar no ar,
enquanto seu metabolismo cai drasticamente, fazendo com que a
espécie passe boa parte do dia dormindo.
Segundo Austin Spence, pesquisador
de pós-doutorado no Departamento de Vida Selvagem, Peixes
e Conservação da Universidade da Califórnia
Davis e um dos autores da pesquisa, que foi publicada no Journal
of Experimental Biology, os resultados podem ser explicados como
as expedições de montanhistas. “À medida
que você sobe a encosta, fica mais frio e também
há menos oxigênio disponível. Você pode
pensar nisso como o Everest; as pessoas têm que ir até
o acampamento base e trazer oxigênio extra e se acostumar
com isso lá em cima”.
Spence e seus colegas capturaram
26 espécimes de beija-flor-de-anna, durante o verão
de 2018, com o uso de redes e nectários. “Parte da
razão pela qual trabalhamos com beija-flores é que
eles são fáceis de pegar. Também sabíamos
de pesquisas anteriores que os beija-flores estavam subindo a
encosta”, diz o pesquisador.
Os pesquisadores informam
que esses beija-flores vêm de regiões entre 10 metros
acima do nível do mar, em Sacramento, na Califórnia
e 2.400 metros acima do nível do mar, em Mammoth Lakes,
também na Califórnia. Para realizar o experimento,
as aves foram levadas para um aviário no oeste da Califórnia,
a 1.215 metros acima do nível do mar. Lá os indivíduos
tiveram tempo para uma aclimatação nas gaiolas,
com o objetivo de equilibrar o organismo das aves que vieram de
diferentes altitudes, como uma espécie de posto intermediário,
como os alpinistas fazem no Everest. Depois seguiram para uma
estação de pesquisa em Mount Barcroft, que está
a uma altitude de 3.800 metros acima do nível do mar.
“Se eles continuarem subindo
com a mudança climática, é lá que
eles vão viver. Então queríamos ver como
isso os afetaria”, disse Spence em comunicado à imprensa.
Segundo os pesquisadores, as aves estão acostumadas a viverem
em ambientes que estão até 2.800 metros acima do
nível do mar. O ar em Barcroft tem 39% menos oxigênio
e cerca de 5°C mais frio do que os locais onde estão
acostumados.
Os pesquisadores explicam que
depois de quatro dias, usaram um sistema metabólico de
campo, uma espécie de caixa que suga o ar e faz a leitura
do ar ambiente e ao ar emitido pelas aves, desta forma conseguem
calcular como e quanta energia os animais estão usando.
Segundos os cientistas, as aves
tiveram uma diminuição de 37% em sua taxa metabólica
e muita dificuldade de pairar. Ainda segundo os pesquisadores,
os beija-flores passaram 87,5% de suas noites em estado de torpor.
Esse estado de inércia resultou em uma economia de energia.
“Eles poderiam economizar energia, mas não estavam
respondendo bem ao oxigênio… eles simplesmente não
estavam voando tão bem”, disse ele.
O experimento indica que o beija-flor-de-anna
poderá ter dificuldades de sobrevivência se precisar
migrar nas altitudes. No entanto, o estudo verificou aspectos
em um curto espaço de tempo e, portanto, a espécie
ainda pode desenvolver uma adaptação a esse novo
desafio.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay |