01/07/2022
– Conhecidos pelos curiosos ninhos em formato de bolsa,
os tecelões fazem parte de uma família com 118 espécies
a agora pesquisadores dizem ter descoberto algo ainda mais curioso
que a arquitetura de seus ninhos, sua dieta.
Segundo pesquisadores da Universidade
de Bath, no Reino Unido, a dieta dessas aves impacta diretamente
em seu comportamento social, inclusive na promiscuidade. Os autores
analisaram diversos estudos sobre espécies de tecelões
da África subsaariana e perceberam que aquelas que consumiam
sementes eram mais propícias a se agruparem e viverem em
colônias com mais frequência do que as espécies
que se alimentavam de insetos.
Os pesquisadores dizem que estavam
analisando estudos do ecólogo britânico John Crook,
o primeiro a sugerir uma ligação entre dieta, habitat
e comportamento social, em 1964. “Crook produziu um estudo
importante que estimulou muitas pesquisas nos últimos 50
anos. No entanto, ele não tinha estatísticas para
respaldar suas declarações, então decidimos
revisitar suas ideias usando abordagens estatísticas modernas”,
diz Tamás Székely, pesquisador do Milner Center
for Evolution da Universidade de Bath, ao site Treehugger.
Analisando dados coletados em
estudos já publicados sobre espécies de tecelões
a respeito de seu habitat, dieta e comportamento social, os pesquisadores
distinguiram grupos que vivem em savanas, que se alimentam de
sementes e grupos florestais, que consomem principalmente insetos.
Os pesquisadores afirmam ainda não ter certeza sobre o
motivo de dietas diversas entre os grupos, mas acreditam que isso
evoluiu ao longo do tempo, por causa da disponibilidade de alimento.
A pesquisa revelou que
as espécies que vivem em áreas abertas ou savanas
com mais frequência costumam forragear em grupos para buscar
fontes de alimento com mais qualidade. Também verificaram
que esses indivíduos muitas vezes tinham comportamento
polígamo. “A principal descoberta do nosso trabalho
foi que os tecelões que se alimentam de sementes são
mais sociáveis do que os insetívoros, provavelmente
porque as sementes são mais fáceis de encontrar
e localmente mais abundantes na savana do que na floresta”,
diz Székely.
O estudo publicado na revista
American Naturalist, explica que o habitat tem relação
direta com o comportamento social das espécies. As áreas
mais abertas, de vegetação rasteira são mais
propicias para se agrupar em busca de alimentos. Andar em grupos
também é uma estratégia contra predadores.
Por outro lado, viver em grupos pode dificultar no momento de
nidificação, resultando no convívio de colônias
e também tendo mais parceiros, por conta da proximidade.
No caso dos tecelões que
vivem em florestas, eles têm que cobrir uma área
maior para forragear, mas não dependem de outras aves para
encontrar os insetos consumidos. As áreas florestais também
oferecem mais oportunidades para nidificação em
quantidade e segurança, o que dispensaria a necessidade
de viver em grupos. Esse comportamento deixa as aves com os mesmos
parceiros no período de reprodução.
Os pesquisadores acreditam que
esse comportamento não seja uma exclusividade dos tecelões.
“Suspeitamos que o conceito possa ser geral, mas para estabelecer
as associações em outras espécies serão
necessárias mais investigações. É
genuinamente interessante descobrir o que impulsiona o comportamento
social em aves e humanos”, conclui Székely.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay |