20/07/2021
– Pesquisadores observaram um comportamento inusitado em
pegas australianas. Elas removeram dispositivos de rastreamento,
uma característica difícil de ver entre aves. Essa
foi uma das constatações de uma nova pesquisa publicada
na revista Australian Field Ornithology.
Os pesquisadores pretendiam testar
um novo dispositivo de rastreamento em pegas-australianas
(Cracticus tibicen) e acabaram registrando como as aves ajudaram
outros indivíduos a remover o aparelho, um sinal de como
espécies podem resolver problemas e mostra como animais
podem ser sociais e inteligentes.
“Comportamento de resgate”
é assim que os pesquisadores identificam essa conduta em
animais. Quando um indivíduo tenta libertar outro, em potencial
perigo, sem que o primeiro tenha algum beneficio direto com a
ação. Os pesquisadores dizem que esse procedimento
já havia sido registrado em formigas e toutinegras-de-Seychelles,
mas esse pode ser o primeiro caso verificado entre pegas australianas.
Os pesquisadores tinham o objetivo
de registrar e entender como movimentos e dinâmicas sociais
ocorriam entre as pegas, como reprodução e deslocamentos
diários, mas também testar um novo dispositivo de
rastreamento, ainda sem validação. Contudo, as aves
‘enganaram’ os cientistas.
Os pesquisadores explicam que
a maioria dos dispositivos de rastreamento são muito grandes
para serem usados em aves de pequeno e médio porte. Por
outro lado, rastreadores menores têm alcance limitado, como
baixo armazenamento de dados e duração das baterias.
Esse novo aparelho pesa menos de uma grama e foi projetado para
equacionar esses desafios tecnológicos. O equipamento fica
preso a um cinto de mochila e pode ser recarregado e transmitir
dados sem fios e se desconectar com o uso de um imã, ou
seja, o aparelho pode ser retirado sem a necessidade de capturar
a ave novamente.
Como teste, a equipe
treinou um grupo de aves para frequentar um comedouro ao ar livre
e cinco espécimes foram capturados para a implantação
do equipamento. Mas o experimento começou a falhar quando
uma fêmea foi vista tentando retirar o equipamento de uma
ave mais jovem. E esse comportamento de repetiu nas horas seguintes,
e no terceiro dia um dispositivo havia sido retirado de um macho
dominante. Os pesquisadores não conseguiram identificar
se a própria ave retirou o aparelho ou teve ajuda.
Os pesquisadores afirmam que esse
comportamento recém-documentado é uma constatação
de como problemas cognitivos complexos podem ser resolvidos e
descrevem essa característica no estudo. “Não
está claro se as pegas testaram diferentes partes do arnês
antes de serem capazes de retirá-lo no ponto mais fraco,
ou se eles simplesmente perseveraram até que o arnês
se quebrasse. Se for o primeiro, isso pode demonstrar flexibilidade
cognitiva e aprendizado com resolução colaborativa
de problemas. Sem mais testes específicos, no entanto,
é difícil estabelecer se as pegas trabalharam em
um ponto fraco do arnês ou se as tentativas de remoção
foram um tanto aleatórias ou sistemáticas. No entanto,
mais pesquisas sobre resolução de problemas cognitivos
em pegas, especialmente no contexto de ajudar outros membros do
grupo, são necessárias para entender melhor o comportamento
colaborativo”, descreve a pesquisa.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabays |