17/03/2023
– Aves mergulhadoras como pinguins e mergulhões podem
estar mais vulneráveis a extinção em relação
às aves que não possuem essa característica,
é o que informa um novo estudo publicado na revista científica
Proceedings of the Royal Society B.
Segundo o estudo, muitas aves
desenvolveram a capacidade de mergulhar e isso é considerado
uma evolução destes grupos. Contudo, os pesquisadores
após realizarem uma análise em mais de 700 espécies
de aves aquáticas, observando a história evolutiva,
verificaram que uma vez esse grupo tenha essa habilidade, essa
característica é irreversível. Para os pesquisadores,
isso pode explicar porque as aves mergulhadoras têm uma
taxa de extinção maior que outras aves.
As aves mergulhadoras possuem
adaptações morfológicas significativas, algumas
com características de ajustes em músculos do pescoço
e nos ossos do peito. Os pesquisadores sugerem que algumas aves
estejam evoluindo em uma espécie de “catraca”
evolutiva, quando essas adaptações podem servir
para forragear ou até viverem em alguns ambientes, mas
podem estar sofrendo uma mudança evolutiva cada vez mais
especifica. Se o seu ambiente sofrer mudanças bruscas,
talvez a espécie não consiga se adaptar, em função
de suas especializações, como por exemplo, os efeitos
das mudanças climáticas e a poluição
em suas várias versões.
Na investigação
da coleção de 727 espécies de aves aquáticas,
de onze grupos, a equipe de pesquisadores dividiu as espécies
em não mergulhadoras e aquelas classificadas em um dos
três tipos de mergulho, movida a pé, como os mergulhões;
movida a asas, como os pinguins; e os mergulhadores. Segundo os
cientistas, a característica do mergulho evoluiu ao menos
14 vezes nas aves aquáticas, contudo não encontraram
evidências que as aves mergulhadoras tenham revertido alguma
adaptação.
Outra relação
estudada foi a ligação entre o mergulho e desenvolvimento
de novas espécies, ou ainda o desaparecimento de linhagens
de aves. Segundo o estudo, entre 236 espécies de aves mergulhadoras,
75 espécies, ou 32% faziam parte de linhagens sofrendo
0,02 vezes mais extinções de espécie por
milhão de anos, em relação a gerações
de novas espécies. Essa taxa foi maior entre os mergulhadores
de propulsão a asa, em relação aos movidos
a pé ou mergulhadores. Por outro lado, as espécies
não mergulhadoras registram 0,1 mais novas espécies
por milhão de anos.
Para os pesquisadores, quanto
menos especializada for a ave mergulhadora melhor será
para sua sobrevivência. Segundo a IUCN (União Internacional
para a Conservação da Natureza), 156 espécies,
entre as 727 espécies de aves aquáticas são
consideradas vulneráveis, ameaçadas ou criticamente
ameaçadas.
CITAÇÕES
J. Tyler e JL Younger. Mergulhando em um beco sem saída:
a evolução assimétrica do mergulho impulsiona
mudanças na diversidade e na disparidade das aves aquáticas.
Anais da Royal Society B. Vol. 289, de 21 de dezembro de 2022.
doi: 10.1098/rspb.2022.2056.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação, com
informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay |