23/09/2024
– Recentemente, observadores de pássaros em todo
o mundo se depararam com uma surpresa inesperada em suas listas
de avistamentos. Uma das aves mais fascinantes, o tentilhão-de-bico-vermelho,
que até então era considerado como duas espécies
distintas, foi reclassificado como uma única espécie.
Essa mudança não reflete a extinção
de nenhuma ave, mas sim a correção de um antigo
mal-entendido taxonômico.
Na última quinta-feira,
a American Ornithological Society, responsável pela taxonomia
das aves, anunciou que o tentilhão-de-topete-vermelho-grisalho,
uma ave rechonchuda encontrada no Ártico, deve ser considerada
a mesma espécie que o tentilhão-de-topete-vermelho-comum,
uma espécie menor que habita as mesmas regiões.
A decisão veio após um estudo conduzido pela Universidade
do Colorado Boulder, que revelou que as diferenças genéticas
entre os dois tipos de tentilhões são mínimas,
apesar de suas aparências distintas.
A pesquisa, liderada por Scott
Taylor, diretor da Estação de Pesquisa de Montanha
da CU Boulder, destacou que a classificação de espécies
com base na aparência nem sempre é precisa. No caso
dos tentilhões, as variações observadas nas
características físicas são resultado de
uma peculiaridade genética, em vez de isolamento reprodutivo,
o que leva à conclusão de que ambos pertencem à
mesma espécie.
Os tentilhões-de-bico-vermelho,
conhecidos por sua mancha vermelha característica no topo
da cabeça, habitam regiões árticas e subárticas
durante a maior parte do ano, migrando um pouco mais ao sul no
inverno em busca de alimento. Em 2013, um aumento populacional
desses tentilhões fez com que eles se aventurassem em áreas
inusitadas, como Colorado e Utah, o que causou grande entusiasmo
entre os observadores de aves, que puderam registrar duas "espécies"
em suas listas de avistamento.
Contudo, a ciência
revelou que essa distinção não era correta.
Taylor, fascinado pelos tentilhões desde seus tempos como
pós-doutorando no Cornell Lab of Ornithology, utilizou
tecnologias avançadas de sequenciamento genético
para investigar mais a fundo as diferenças entre os tentilhões
comuns e os hoary. O estudo, publicado na Nature Communications
em 2021, analisou os genes de 73 tentilhões-de-bico-vermelho
ao redor do mundo, e descobriu que, exceto por uma pequena diferença
em um cromossomo, as duas aves são geneticamente idênticas.
Essa pequena diferença, um "supergene", é
responsável pela variação na cor da plumagem
e no tamanho do bico entre os dois tipos.
O supergene é transmitido
de geração em geração, mantendo as
características que diferenciam visualmente os tentilhões,
mas, geneticamente, eles pertencem à mesma espécie.
Essa descoberta ajudou a explicar por que tentilhões de
regiões distantes, como Rússia e EUA, podem ser
mais geneticamente diferentes entre si do que entre tentilhões
comuns e hoary de uma mesma localidade.
A reclassificação
desses tentilhões traz implicações importantes
para a compreensão da evolução e da biodiversidade,
conforme explicado por Erik Funk, um dos coautores do estudo e
atual pesquisador na San Diego Zoo Wildlife Alliance. Ele ressaltou
que ao ajustar a classificação dessas aves, seus
nomes agora refletem melhor as suas histórias naturais
e evolutivas.
Embora a notícia possa
ter desapontado alguns observadores de pássaros, que se
animam ao adicionar novas espécies às suas listas,
o reconhecimento de que essas aves compartilham um supergene que
preserva suas diferenças visuais, mesmo pertencendo à
mesma espécie, é ainda mais fascinante. Taylor observou
que a contínua exploração de novas áreas
e o avanço das tecnologias de pesquisa podem levar a descobertas
semelhantes no futuro, tanto em termos de reclassificação
quanto na identificação de novas espécies.
Essa reclassificação
é mais um exemplo de como a ciência evolui e aprimora
nosso entendimento da natureza, e como o conhecimento científico
é fundamental para a preservação das espécies.
Criado em 2015, dentro do setor
de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau, a Plataforma
Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas ao estudo e
conservação desses animais. Pesquisas científicas
como levantamentos quantitativos e qualitativos, pesquisas sobre
frugivoria e dispersão de sementes, polinização
de flores, são publicadas na Darwin Society Magazine; produção
e plantio de espécies vegetais, além de atividades
socioambientais com crianças, jovens e adultos, sobre a
importância em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay |