Pesquisa
usa truques de mágica para entender comportamento
das aves
Como
as aves enxergam o mundo? Cientistas usam ilusionismo para
tentar responder
27/07/2021 – Para
muita gente truques de mágica não passam de
um entretenimento tedioso, crianças, na maioria gostam
e se divertem, mas o fato é que truques de mágica
podem demonstrar como o cérebro funciona, a partir
dessas ilusões. Geralmente a mágica acumula
pontos cegos bem específicos na percepção
e atenção das pessoas, o que pode ser muito
útil também na psicanálise.
Mas a mágica mesmo
está na capacidade de controlar a atenção
das pessoas para promover uma ação enganosa.
É dessa forma que mágicos podem apresentar
seus truques e essas técnicas podem revelar como
nossas mentes funcionam a partir dessas situações
simuladas.
Da mesma forma que pode
ser usada para a mente humana, também pode ser aplicada
para outros animais. Desta forma, revelar como aves, por
exemplo, enxergam o mundo ao seu redor e se essas vivências
têm alguma relação com as nossas experiências.
Um estudo recente aplicou truques mágicos em aves,
testando a prestidigitação em gaios-eurasianos
(Garrulus glandarius) e descobriu que elas foram enganadas
por alguns truques, mas não por todos.
A princípio isso
não é uma novidade para algumas aves. Os corvídeos,
por exemplo, que possuem grandes cérebros escondem
alimentos para buscar em momento mais adequado, um comportamento
conhecido como armazenamento em cachê. Mas se outro
indivíduo da mesma família flagrar o ato pode
correr o risco de serem roubados.
Sabendo desse risco os corvídeos
usam estratégias de proteção altamente
elaboradas, que podem ser consideradas similares às
táticas usadas por mágicos para ludibriar
seu público. Essas aves podem fingir esconder o alimento
em vários lugares, deixando bem mais difícil
o rastreamento por outros indivíduos, algo bem parecido
com o truque das bolinhas nos copos virados.
Na pesquisa publicada na
PNAS foram realizados três truques em seis gaios-eurasianos
e 80 participantes humanos. Os truques aplicados foram palming,
french drop e fast pass, todos muito usados em mágicas
para sumir e aparecer com objetos. O palming consiste em
esconder um objeto na palma da mão, enquanto simula
que a mão está vazia. O french drop, é
a técnica de passar um objeto de uma mão para
outras, sem de fato transferir esse objeto. Já o
fast pass é a técnica de mover rapidamente
o objeto entre as mãos, a ponto de não ser
percebido pelo público.
Para que os dois primeiros
truques palming e french drop funcionem, o observador precisa
de algum entendimento essencial de como a transferência
de objetos resulta. Ou seja, um conhecimento de que alguns
movimentos podem gerar resultados específicos que
levam os observadores a crer que não houve trapaça
na ação.
Ainda não sabemos
quase nada sobre a percepção de corvídeos
em relação ao movimento das mãos humanas
ou se há alguma expectativa delas sobre a observação
de transferência de objetos com as mãos. As
aves não têm mãos, por isso não
sabemos o que o movimento significa para elas.
No terceiro truque, fast
pass, o movimento é tão rápido que
normalmente o espectador não percebe o que realmente
aconteceu. As aves têm uma percepção
diferente dos humanos, com um campo de visão mais
amplo. Se os gaios do experimento gostaram das técnicas
de prestidigitação isso pode significar que
tinham pontos cegos semelhantes aos humanos.
Enquanto nossas amostras
humanas foram enganadas pelos três truques mágicos,
os gaios-eurasianos não caíram nos dois primeiros
truques, provavelmente porque as aves não possuem
expectativas sobre o movimento das mãos, o que deixa
nós humanos subordinados a essas técnicas
de enganação.
Já no terceiro truque,
fast pass, os gaios foram facilmente enganados, o que pode
significar que seu sistema visual assemelha-se ao dos humanos,
explorando metodologias parecidas. Os pesquisadores agora
devem intensificar os estudos para determinar como funcionam
esses pontos cegos.
A
pesquisa pode ser acessada no site da PNAS.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabay