As
aves estão se adaptando às mudanças
climáticas
Pesquisas
iniciadas em 1970 indicam como as aves migratórias
estão se comportando
02/03/2022 – Desde
os anos de 1970 aves mortas têm sido recolhidas e
mantidas pelo Museu Field de História Natural, em
Chicago, Illinois, nos Estados Unidos. Esses espécimes,
hoje são uma importante fonte de conhecimento para
avaliar como aves migratórias norte-americanas parecem
estar diminuindo sua população, em função
das mudanças climáticas.
Uma nova pesquisa intitulada
“As respostas fenotípicas às mudanças
climáticas são significativamente atenuadas
em aves de cérebro grande” destaca dados de
uma tendência evolutiva. Aves com cérebros
maiores, em relação ao tamanho do corpo, não
estão reduzindo de forma significativa, em relação
a espécies com cérebros menores.
Segundo os pesquisadores
Universidade de Washington em St. Louis, a nova pesquisa
é a primeira a identificar uma ligação
possível entre a cognição e uma resposta
animal às mudanças climáticas.
“À medida que
as temperaturas aumentam, os tamanhos dos corpos diminuem.
Mas as espécies de cérebros maiores estão
diminuindo menos fortemente do que as espécies de
cérebros pequenos", disse Justin Baldwin, estudante
de doutorado na Universidade de Washington e autor do estudo
publicado na revista Ecology Letters, em um comunicado à
imprensa.
Ainda segundo os pesquisadores,
o tamanho relativo do cérebro das aves é considerado,
de forma frequente, ser um indicador de flexibilidade comportamental.
Para outros animais a comparação já
se torna controversa. "Tamanho relativo do cérebro
se correlaciona com maior capacidade de aprendizagem, maior
memória, maior expectativa de vida e dinâmica
populacional mais estável", disse Baldwin.
“Neste caso, uma espécie
de ave de cérebro maior pode ser capaz de reduzir
sua exposição a temperaturas mais altas, procurando
microhabitats com temperaturas mais baixas, por exemplo”,
afirma Baldwin.
Os cientistas avaliaram
dados de 70.000 aves que morreram ao colidir com prédios
em Chicago, nos Estados Unidos, entre 1978 e 2016. Consideraram
medições de volume cerebral e expectativa
de vida de 49 espécies, das 52 disponíveis
no acervo do museu.
Segundo o estudo, as aves
com cérebros grandes, em relação a
seus corpos, como os pardais, tiveram reduções
do tamanho corporal de um terço, em comparação
as aves com cérebros menores. Wood warblers (Parulidae),
por exemplo, tendiam a ter cérebros menores e pareciam
encolher mais.
Os cientistas ainda não
sabem o motivo pelo qual as aves estão diminuindo
de tamanho, O que sabemos é que corpos maiores conseguem
se manter mais aquecidos em regiões frias, e corpos
menores retém menos calor.
Os pesquisadores descobriram
que a envergadura das asas dessas aves aumentou, o que pode
indicar uma adaptação para compensar corpos
menores, que produzem menos energia para percorrerem longas
distancias, durante as migrações.
Outros estudos já
haviam indicado que algumas aves estão desenvolvendo
bicos, penas e até orelhas maiores, como forma de
regular a temperatura corporal, conforme o clima do mundo
se altera. Apesar da maioria dessas mudanças terem
sido verificadas em aves, morcegos e musaranhos já
apresentam mudanças morfológicas.
Contudo, a redução
de população de aves é bem maior, pois
ficam suscetíveis a predadores e tem maior dificuldade
na competição por recursos alimentares e na
reprodução. Neste cenário um cérebro
maior pode ser uma diferença na sobrevivência.
“Uma das primeiras
coisas que me saltam à vista dessas descobertas,
é que já podemos ver que a mudança
climática está tendo um efeito desproporcional
em espécies que têm menos capacidade de lidar
com a mudança ambiental, por meio de seu comportamento”,
disse o coautor do estudo Carlos Botero, professor assistente
de biologia da Universidade de Washington.
"Isso não significa
que a mudança climática não esteja
afetando os pássaros inteligentes... ou que os pássaros
inteligentes vão se sair bem. O que nossas descobertas
sugerem é que a mudança climática pode
ter um efeito muito mais forte sobre os pássaros
menos inteligentes", conclui.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay