Populações
de aves em florestas tropicais estão em declínio
Pesquisa
indica que no Panamá 35 espécies tiveram queda
de 50% nas últimas décadas
13/07/2022 – Estudo
indica que comunidades de avifauna estão sofrendo
um declínio severo nas últimas quatro décadas.
O levantamento realizado no Panamá mostra que entre
57 espécies estudadas, 35 tiveram uma redução
de 50%. O motivo pode estar relacionado às mudanças
climáticas.
Pesquisadores da Universidade
de Illinois, em Chicago, nos Estados Unidos, rastrearam
e analisaram dados de espécies de aves, entre 1977
e 2020, em uma reserva florestal no Panamá, com objetivo
de verificar como as populações de aves estão
sendo impactadas com a perda de habitat e as mudanças
no clima.
Segundos os pesquisadores,
há poucos estudos que contemplem grandes períodos
e variações populacionais de aves na região
dos trópicos, portanto, essa pesquisa traz informações
importantes sobre esses status. O relatório foi publicado
na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.
Usando anilhas de identificação
e redes de neblina para captura, os pesquisadores coletaram
dados de milhares de aves ao longo de quarenta anos e analisaram
a população de 57 espécies. Segundo
os cientistas, apenas duas espécies apresentaram
um aumento populacional e 45 espécies perderam 50%
de sua população.
Os cientistas afirmam que
inúmeras famílias de aves foram impactadas,
independente de características ecológicas,
tamanho ou maneira de forrageamento. Para os autores do
estudo, identificar os parâmetros ecológicos
deve ser uma prioridade no processo de conservação
e afirmam que as atividades humanas pode ser um fator determinante
para a queda dessas populações.
O desmatamento nos trópicos,
mudanças nos padrões climáticos, com
o aumento das temperaturas são motivos claros para
sustentar essas perdas na biodiversidade. Entre 1990 e 2010,
por exemplo, houve uma aceleração de 62% no
desmatamento na região.
“Temperaturas crescentes
estão levando a mudanças em espécies
tropicais de terras baixas em [grupos taxonômicos]
e evidências teóricas e empíricas indicam
que as biotas tropicais são mais fortemente afetadas
do que suas contrapartes temperadas. A mudança dos
regimes de chuva nos trópicos também deve
impactar fortemente a distribuição das espécies
e a dinâmica populacional”, dizem os pesquisadores
em comunicado.
A queda na oferta de alimentos
como insetos, frutos e néctar também pode
estar inserido nesse contexto de redução das
populações, além da mudança
do clima que pode beneficiar parasitas que causam doenças
nas aves. Para exemplificar essa perda, os pesquisadores
citam o manequim-de-cabeça-vermelha, a espécie
mais abundante amostrada e com grande capacidade de dispersão
de sementes. Em 1977, vinte três espécimes
foram registrados, já em 2020, foram apenas nove.
Apesar das florestas tropicais
serem consideradas grandes reservas de biodiversidade, o
estudo mostra que o declínio nas populações
de aves, por exemplo, é alarmante. “O próximo
passo lógico para entender e possivelmente prevenir
novos declínios é identificar os mecanismos
ecológicos subjacentes. Para conseguir isso, estudos
intensivos e de longo prazo de espécies individuais
provavelmente serão necessários para detalhar
os fatores”, concluem.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais.
Fotos: Reprodução/Pixabays