Se a primavera chega mais cedo, aves têm menos filhotes,
diz estudo
Aquecimento global está mudando as estações
e a vida das aves de forma drástica
05/10/2023 – As mudanças
climáticas e o aumento das temperaturas globais estão
alterando a vida de inúmeras espécies e no
caso das aves, o momento de saber quando a primavera chega
ficou mais difícil e com isso um novo desafio na
reprodução. Uma nova pesquisa realizada em
parceria da UCLA (University of California), em Los Angeles,
e da Michigan State University, ambas nos Estados Unidos,
apresenta dados de como esses animais estão se adaptando.
Segundo o novo estudo publicado
na Proceedings of the National Academy of Sciences, as aves
têm menos filhotes se iniciarem a reprodução
muito cedo ou muito tarde na temporada de acasalamento.
Com as novas mudanças no clima, o inverno fica mais
parecido com a primavera e as aves não conseguem
acompanhar essa transformação.
De acordo com os pesquisadores,
essa falta de timing entre o início da primavera
e a preparação das aves para o acasalamento
tende a piorar, conforme o clima do planeta esquentar. Isso
pode causar perdas significativas da biodiversidade. As
aves começam os preparativos para a reprodução,
de acordo com as primeiras flores e frutos nas plantas com
a chegada da primavera.
A pesquisa avalia que até
o fim do século 21, a primavera deve se antecipar
em até 25 dias, sendo que as aves se reproduzirão
apenas cerca de 6,75 dias antes e a produtividade deve ser
reduzida em 12% para espécies canoras médias.
Os pesquisadores lembram ainda que há mais de trinta
anos, hipóteses de que animais ficariam incompatíveis
com plantas, conforme a primavera se antecipasse já
eram formuladas.
Os cientistas explicam a
importância do tempo para o processo de reprodução
de aves. Se o acasalamento for mais cedo ou mais tarde,
o clima mais rigoroso pode prejudicar os ovos e os filhotes.
Contudo, o tempo relativo com as fontes de alimento é
outro fator imprescindível e tudo isso pode causar
a falta de recursos para os filhotes vivos.
A pesquisa foi realizada
utilizando dados de um programa de anilhamento de aves em
grande escala do Institute for Bird Populations, calculando
o tempo de reprodução e a quantidade de filhotes
para o universo de 41 espécies de aves migratórias
e residentes, em 179 regiões, localizadas próximas
a áreas florestais, espalhadas por toda a América
do Norte, no período entre 2001 e 2018. Os pesquisadores
então usaram imagens de satélite para determinar
o momento em que a vegetação típica
da primavera surge em cada região.
Os pesquisadores descobriram
que cada espécie mantém um momento mais adequado
para a reprodução e que o número de
filhotes diminuía conforme a primavera se apresentava
mais cedo ou quando o acasalamento acontecia cedo ou tarde,
em função da floração das plantas.
Apesar da maioria das espécies apresentarem perda
e dificuldade nesta condição, algumas aves,
como o cardel-do-norte e a carriça-de-bewick apresentaram
aumento nas proles, quando os efeitos da primavera se antecipavam
ou atrasavam. Os pesquisadores salientam que a maioria dessas
aves são espécies não migratórias.
Outro fator observado pelos
pesquisadores é que espécies não migratórias
podem se reproduzir mais que uma vez na mesma temporada,
mas essas espécies foram exceções.
Até essas espécies locais tiveram dificuldade
para acompanhar as mudanças das estações.
A pesquisa indica que, em média, a cada quatro dias
de onde a folhagem surgia nas árvores, as espécies
se reproduziam cerca de um dia antes.
No caso de espécies
migratórias, a pesquisa que teve apoio de pesquisadores
Universidade da Flórida, da Universidade Estadual
da Pensilvânia, da Universidade da Carolina do Norte
e da Chapel Hill, essa diferença entre o tempo de
chegada no destino da reprodução e a reprodução
propriamente dita, deve ficar mais curto, conforme a primavera
chegue mais cedo. Os pesquisadores lembram que desde a década
de 1970, somente na América do Norte, a população
de aves foi reduzida em quase um terço do total.
Referência: Youngflesh,
Casey et al, Consequências demográficas da
assincronia fenológica para pássaros canoros
norte-americanos, Proceedings of the National Academy of
Sciences (2023). DOI: 10.1073/pnas. 2221961120. doi.org/10.1073/pnas.
2221961120
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Fotos: Reprodução/Pixabay