Aves
“estalam e rangem” ao serem manuseadas por causa
de plásticos nos estômagos
O
efeito pavoroso da poluição plástica
na vida de animais silvestres
04/11/2025 – Em uma
ilha remota da Austrália, filhotes da ave marinha
pardela-de-pés-rosados emitem sons inquietantes causados
por estalos de plástico em seus estômagos.
Na ilha de Lord Howe, onde vivem cerca de 44 mil dessas
aves, os filhotes são alimentados por seus pais com
lixo plástico ao invés de alimento natural,
como peixes e lulas. Sem perceber, os adultos levam aos
ninhos objetos como tampas, peças de brinquedo e
clipes de balão, revelando um problema ambiental
grave e silencioso: a contaminação por plástico.
Em um caso extremo, cientistas
encontraram 778 pedaços de plástico no estômago
de um filhote de pardela-de-pés-rosados com apenas
80 dias de vida. Estudos revelam que todos os filhotes ingerem
pelo menos 50 fragmentos, o que pode representar até
10% de seu peso corporal. O ornitólogo Dr. Alex Bond
relata que, em alguns casos, é possível ouvir
os estalos do plástico dentro do corpo das aves ao
segurá-las. Ele pesquisa a fauna da ilha de Lord
Howe desde 2009.
O plástico ingerido
pelas pardelas-de-pés-rosados não só
ocupa espaço no estômago, mas também
libera toxinas absorvidas da água do mar, que entram
na corrente sanguínea das aves. Segundo Bond, muitos
filhotes já apresentam alta carga tóxica antes
mesmo de deixarem o ninho, o que compromete sua sobrevivência
na migração para o Japão. Para tentar
salvá-los, pesquisadores realizam procedimentos de
emergência, induzindo o vômito das aves ao injetar
água salgada, fazendo com que os plásticos
sejam expelidos junto de restos de alimentos, quando presentes.
Pesquisas com pardelas-de-pés-rosados
mostram que a ingestão de plástico causa danos
nos tecidos e acúmulo de toxinas, detectados em análises
de sangue, penas e órgãos. Em 2023, essa condição
passou a ser chamada de "plasticose", uma doença
provocada pelo atrito contínuo do plástico
no estômago. A população dessas aves
na ilha de Lord Howe está em declínio acentuado.
A poluição plástica também afeta
outras espécies marinhas, como tartarugas, que confundem
lixo com alimento. Incapazes de regurgitar o plástico,
muitas sofrem obstruções fatais no sistema
digestivo.
Um estudo de 2018 mostrou
que a ingestão de apenas um pedaço de plástico
já aumenta em 20% o risco de morte em animais marinhos,
e com 14 pedaços, esse risco chega a 50%. O plástico
pode bloquear o sistema digestivo e causar ferimentos internos,
comprometendo gravemente a saúde dos animais. Especialistas
afirmam que a situação pode ser revertida
com a redução do uso de plásticos descartáveis
e o aumento da reciclagem. O Museu de História Natural
também orienta que qualquer pessoa que encontrar
animais presos em lixo ou debilitados nas praias deve informar
as autoridades ambientais.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay