Espécies
de aves estão desaparecendo no Quênia, diz
pesquisa
Estudo
revela que ritmo desta extinção local é
ainda mais preocupante
06/11/2025 – A África
Subsaariana possui uma grande quantidade de terra arável
e não cultivada, representando cerca de 50% do total
global, sendo um habitat crucial para muitas espécies
animais, incluindo aves. Agora um estudo analisou como mudanças
no uso da terra, como expansão de assentamentos,
produção pecuária, remoção
de pragas e cultivo, estavam impactando as populações
de aves na Bacia do Lago Vitória, no sudoeste do
Quênia.
O estudo revelou que as
mudanças no uso da terra degradaram e destruíram
paisagens naturais, resultando em uma perda significativa
de biodiversidade de aves, incluindo espécies raras
e ameaçadas. A diversidade de aves caiu de 71 para
7 espécies em Angurai, o local mais afetado; de 63
para 15 em Busia; e de 32 para 22 em Lambwe Valley, o local
menos perturbado.
As descobertas são
alarmantes, pois a África abriga 20% das espécies
de aves do mundo, com mais de 2.000 espécies, sendo
90% endêmicas. O restante são visitantes sazonais
de outras regiões. O estudo destaca a necessidade
urgente de proteger esses habitats das crescentes pressões
agrícolas e de desenvolvimento.
O estudo comparou a riqueza,
diversidade e composição de espécies
de aves em três locais na Bacia do Lago Vitória,
no Quênia, após a remoção da
mosca tsé-tsé e mudanças subsequentes
na terra. A mosca tsé-tsé, que transmite doenças
fatais, impede a conversão de terras para agricultura.
A erradicação, frequentemente com produtos
químicos, é o primeiro passo para o desenvolvimento
agrícola. Nos três locais, foram comparadas
paisagens naturais e perturbadas, como no Vale Lambwe, onde
transectos dentro do Parque Nacional de Ruma foram comparados
com áreas adjacentes de assentamento humano.
As aves foram identificadas
e contadas por observação ou pelos seus chamados,
com o mesmo observador realizando as pesquisas em cada local
para garantir consistência. No total, foram detectadas
168 espécies diferentes. Busia e Angurai apresentaram
68 e 61 espécies, respectivamente, enquanto o Vale
de Lambwe teve 53. Algumas espécies foram encontradas
tanto nas áreas perturbadas quanto nas naturais de
cada local.
As mudanças no uso
da terra tiveram impactos negativos nos habitats das aves
e na diversidade de espécies. A conversão
de terras para cultivo e a remoção da cobertura
natural reduziram o tamanho e a qualidade dos habitats,
tornando a vegetação remanescente insuficiente
para sustentar algumas espécies, como as de savana.
Além disso, a vegetação natural foi
substituída por plantas invasoras, o que resultou
na perda de alimentos, como sementes e insetos, essenciais
para várias espécies de aves.
O aumento de plantas invasoras
favoreceu aves oportunistas e generalistas, em detrimento
das espécies que dependem de plantas nativas e condições
específicas de habitat. A riqueza e diversidade de
aves foram significativamente menores em áreas perturbadas
em comparação com áreas naturais. Nas
áreas alteradas, como em Angurai, havia muito menos
guildas de alimentação — grupos de aves
com comportamentos e recursos alimentares semelhantes. Em
Angurai, as áreas perturbadas tinham apenas sete
espécies, enquanto as naturais tinham 66.
Algumas guildas especializadas
de alimentação, como alimentadores de insetos
ou grãos, foram encontradas exclusivamente em habitats
naturais, indicando que são mais vulneráveis
a perturbações. Além disso, as mudanças
de habitat afetam as aves de maneiras diferentes: algumas
espécies conseguem explorar áreas perturbadas,
enquanto outras são mais sensíveis.
Espécies de aves
não migratórias demonstraram certa adaptabilidade
a paisagens alteradas pelo homem, mas enfrentaram maiores
riscos, como redução de alimentos, aumento
da predação e perda de locais de nidificação
à medida que seus habitats se degradavam. Já
as aves migratórias geralmente evitam áreas
perturbadas, preferindo habitats naturais. Espécies
especializadas, como as que se alimentam no solo, foram
mais impactadas em paisagens alteradas. No geral, habitats
maiores e de alta qualidade são essenciais para manter
a diversidade de espécies de pássaros, enquanto
habitats degradados e menores sustentam uma diversidade
reduzida.
Dada a velocidade e a magnitude
das conversões de terras, é urgente adotar
medidas para desacelerar ou reverter a perda de biodiversidade.
O planejamento do uso da terra na África Subsaariana
deve incorporar princípios de conservação
para manter qualidades essenciais dos habitats, como recursos
alimentares, abrigo e conectividade. A preservação
de habitats intocados e a restauração de áreas
degradadas são fundamentais, podendo ser incentivadas
por programas de pagamento por serviços ecossistêmicos,
como o que ocorre no México, que recompensa proprietários
de terras que preservam e restauram ecossistemas em suas
propriedades.
Além disso, é
necessário monitorar as mudanças na riqueza
e diversidade das espécies de aves para orientar
ações de conservação e identificar
quais espécies necessitam de proteção
aprimorada. A expansão e o apoio às áreas
protegidas são essenciais, e para isso, é
preciso equilibrar o desenvolvimento agrícola com
a preservação dessas áreas. Exemplos
de sucesso incluem o aumento da cobertura florestal na Costa
Rica por meio de zoneamento estratégico e práticas
agrícolas sustentáveis, além do uso
de agrofloresta, como nas terras altas do Quênia,
onde a combinação de plantio de árvores
com cultivo agrícola ajudou a conservar a biodiversidade
e melhorar a produtividade.
Alcançar os objetivos
de conservação será desafiador devido
ao crescimento populacional na África Subsaariana,
que aumenta a competição por recursos limitados.
Por isso, é essencial focar em esforços de
desenvolvimento que promovam uma agricultura mais intensiva,
em vez de desmatamento extensivo, e que aumentem a produtividade
nos sistemas agrícolas existentes, visando a sustentabilidade
ambiental.
Criado em 2015, dentro do
setor de pesquisa da Agência Ambiental Pick-upau,
a Plataforma Darwin, o Projeto Aves realiza atividades voltadas
ao estudo e conservação desses animais. Pesquisas
científicas como levantamentos quantitativos e qualitativos,
pesquisas sobre frugivoria e dispersão de sementes,
polinização de flores, são publicadas
na Darwin Society Magazine; produção e plantio
de espécies vegetais, além de atividades socioambientais
com crianças, jovens e adultos, sobre a importância
em atuar na conservação das aves.
Da Redação,
com informações de agências internacionais
Matéria elaborada com auxílio de inteligência
artificial
Fotos: Reprodução/Pixabay