tensão
na região vem aumentando. Ativistas
do Greenpeace a bordo do navio MV Arctic Sunrise
(que está no Pará desde o final
de outubro), lideranças comunitárias
e agentes federais estão sob constante
ameaça de madeireiros e autoridades
locais envolvidas com a exploração
criminosa da floresta.
"Os madeireiros, que desmatam ilegalmente
áreas públicas, querem a suspensão
das multas e dos cancelamentos de planos de
manejo florestal aplicados pelo Ibama",
disse Nilo D'Ávila, da campanha da
Amazônia do Greenpeace. "Mas o
governo brasileiro não deve negociar
com bandidos. Se retroceder, o Estado estará
falhando em sua missão de garantir
o cumprimento da Lei e um futuro sustentável
para milhares de brasileiros".
Ontem (27/11), o Greenpeace entregou uma carta
ao ministro da Justiça, Márcio
Thomaz Bastos, solicitando garantias de segurança
e vida à equipe do Greenpeace, às
lideranças comunitárias e aos
próprios agentes do Ibama que estão
na região de conflito. Cartas com o
mesmo apelo também foram enviadas por
escritórios do Greenpeace às
embaixadas brasileiras em 17 países:
EUA, Argentina, México, Chile, Alemanha,
França, Espanha, Grécia, Dinamarca,
Suécia, Noruega, Finlândia, Itália,
Áustria, Índia, Austrália
e Nova Zelândia. O ministro declarou
que está tomando todas as medidas necessárias
para garantir a segurança dos envolvidos
(2).
A presença de agentes do Ibama e do
navio do Greenpeace no sudeste do Pará
enfureceu madeireiros da região. No
município de Medicilândia, agentes
do Ibama e da Polícia Federal foram
cercados em um hotel. A Rodovia Transamazônia
foi fechada por outro grupo na região
de Altamira, em protesto contra a presença
do governo. Já em Porto de Moz, o prefeito
da cidade, o madeireiro Gérson Campos,
incitou partidários a abordar o navio
do Greenpeace MV Arctic Sunrise e intimidar
tripulantes. Em terra, comunitários
foram ameaçados e tiveram de se refugiar
em uma igreja.
De acordo com lideranças comunitárias,
o primeiro passo para resolver o problema
é o controle da situação
fundiária. A criação
da reserva extrativista Verde para Sempre,
na área do município de Porto
de Moz, um dos focos dos conflitos dos últimos
dias, vai beneficiar mais de 15 mil pessoas
que vivem em mais de 60 comunidades rurais
(1). Nos últimos anos, as terras destas
comunidades vêm sendo sistematicamente
invadidas por madeireiros e grileiros, gerando
confrontos violentos. Muitos casos de violência
e ameaças de morte já foram
denunciados.
O Pará apresenta o maior índice
de assassinatos ligados às disputas
de terra. Entre 1985 e 2001, quase 40% dos
1.237 assassinatos de trabalhadores rurais
no Brasil foram levados a cabo no Pará,
de acordo com dados da CPT (Comissão
Pastoral da Terra). A entidade também
divulgou uma lista de pessoas ameaçadas
de morte. Dos 78 nomes do Pará listados,
oito são de Porto de Moz. |