O conjunto de ilhas de Abrolhos é a principal
zona pesqueira da Bahia, e contribui com 80 mil
empregos ligados ao turismo. O arquipélago
abriga várias espécies endêmicas
(só existem ali), corais únicos no
mundo, é área de reprodução
de muitos peixes e de baleias e local de parada
e de procriação de aves. Lá
também estão os chapeirões,
recifes com até 50 metros de diâmetro
e 25 de altura, reconhecidos como a maior formação
do gênero no Atlântico Sul.
A proposta para o novo Sítio Ramsar brasileiro
será debatida com outros ministérios,
como da Defesa e da Ciência e Tecnologia,
organizações não-governamentais,
sociedade civil e instituições de
ensino e pesquisa. O texto foi apresentado em novembro
do ano passado ao Comitê Nacional de Zonas
Úmidas.
Até o fim do ano, o Brasil deverá
finalizar propostas para outros sítios, na
Estação Ecológica do Taim,
no Rio Grande do Sul, e na APA de Cananéia-Iguape-Peruíbe,
em São Paulo. "Um Sítio Ramsar
não restringe nenhuma atividade, mas deve
ser usado racionalmente e de forma sustentável",
explica Maria Carolina Hazin, da Diretoria de Áreas
Protegidas do Ministério do Meio Ambiente.
Entre as ameaças à região de
Abrolhos, estão a pesca, o crescimento urbano
e o turismo descontrolados, o depósito de
sedimentos causado pelo desmatamento nas margens
dos principais rios que desaguam no local e o avanço
da exploração de petróleo e
gás natural. Nos últimos dias, o Ibama
negou licença a uma empresa que pretendia
extrair petróleo no litoral do Espírito
Santo. O motivo foi a proximidade com o Parque de
Abrolhos.
Informe - Durante a Conferência das Partes,
em novembro, o Brasil apresentará um relatório
sobre o estado do manejo e da conservação
de seus oito sítios ramsar, que somam 6,4
milhões de hectares (clique no mapa ao lado).
Nas 120 páginas do documento, há informações
sobre as ações tomadas no País
para a preservação e a recuperação
de mangues, lagos, lagoas, banhados, brejos e pântanos,
por exemplo.
Os sítios brasileiros são o Parque
Nacional da Lagoa do Peixe (RS), Parque Nacional
do Araguaia (TO), Parque Nacional do Pantanal Matogrossense
(MT), Reserva Particular do Patrimônio Natural
do Sesce no Pantanal, Reserva de Desenvolvimento
Sustentado Mamirauá (AM), o Parque Estadual
Marinho do Parcel de Manuel Luiz e as áreas
de proteção ambiental da Baixada Maranhense
e das Reentrâncias Maranhenses, no Maranhão.
De acordo com a Diretoria de Áreas Protegidas
do MMA, os três sítios maranhenses
têm sofrido com o avanço da criação
de búfalos e de camarões. E no Pantanal,
já é encontrado o mexilhão-dourado
(Limnoperna fortunei), espécie exótica
invasora que traz prejuízos econômicos,
sociais e ambientais.
A apresentação do informe é
uma obrigação de todos os países
signatários da Convenção de
Ramsar. O Brasil ratificou o texto em 1996. Para
a elaboração do relatório,
foram consultados órgãos do governo
federal, de estados e de municípios, instituições
de ensino e pesquisa, comunidade científica,
entre outros.
O texto estará disponível na página
do Ministério do Meio Ambiente em julho.
Mais informações em
www.mma.gov.br/port/sbf/dap/ramsar.html