Para o coordenador da campanha Amazônia do
Greenpeace, Paulo Adário, a mera inclusão
na lista do Arpa não significa que o parque
será criado – e muito menos que isso ocorra
com a urgência necessária, já
que a decisão final passa por decisões
estratégicas do governo federal e pelo crivo
dos doadores.
“O coordenador do Arpa não
disse, mas é óbvio que o parque
só será criado – com apoio de recursos
externos e do governo federal – se houver uma
sinalização concreta do governador
do Mato Grosso, Blairo Maggi, de que pretende
realmente apoiar e implementar esse projeto”,
disse Adario. “É essa sinalização
urgente – e as medidas decorrentes dela - que
cobramos do governador”.
O governo do Mato Grosso tem
reduzido o tamanho de áreas protegidas
e dado apoio à expansão acelerada
de atividades que destroem a floresta e os cerrados,
como a soja e a pecuária. O Mato Grosso
é o campeão do desmatamento na Amazônia.
No ano passado, o estado foi responsável
por quase a metade (48%) dos 26.130 km2 devastados
na região.
“A declaração
de que o parque é ‘prioritário’
não basta”, disse Nilo d’Avila, coordenador
do programa do Greenpeace de proteção
da área da BR-163, que está no Mato
Grosso. “O tempo corre contra as declarações
de intenção e a favor da pressão
de pecuaristas, sojeiros, grileiros e madeireiros
sobre toda aquela região. É preciso
ação imediata ou a população
do Mato Grosso e a Amazônia perderão
parte de seu patrimônio ambiental”.
Além dos castanhais –
espécie ameaçada de extinção
- o parque de 383 mil hectares também ajudaria
a preservar as nascentes do rio Manissauiá-Miçu
e primatas da espécie Callicebus, identificada
recentemente na região.
Segundo o Greenpeace, toda a
política ambiental do Mato Grosso deve
ser revista para proteger efetivamente os remanescentes
florestais do estado e promover o desenvolvimento
sustentável na região. A organização
está em expedição pela BR-163
para documentar os impactos socioambientais provocados
pela rodovia – cujo asfaltamento total é
prioridade do governo Lula.