A desobediência à legislação
que proíbe as queimadas e a falta de recursos
para o Ibama estão entre os fatos documentados
pela expedição “BR-163 - Amazônia:
Salvar ou Destruir?”, do Greenpeace. Os integrantes
da expedição apresentaram hoje nove
fotografias que demonstram a histórica ausência
de governo na região da estrada, que liga
Santarém a Cuiabá. A exposição
foi colocada em uma praça no centro de Cuiabá,
encerrando as atividades da expedição.
“A falta de recursos para o
Ibama fiscalizar é um dos componentes da
ausência de governo na região amazônica,
que pudemos constatar em nossa expedição
pela área de influência da BR-163”,
afirma Nilo D’Avila, coordenador da expedição.
Os ativistas do Greenpeace partiram
de Santarém no dia 27 de julho. Durante
23 dias, presenciaram a exploração
madeireira sem controle, invasão de unidades
de conservação, desmatamento ilegal,
queimadas e destruição de castanhais
nativos. “Infelizmente, o esgotamento dos recursos
no meio do ano demonstra a falta de prioridade
do governo Lula para a questão ambiental.
Se o governo não se fizer presente imediatamente,
corremos o risco de perder toda a floresta que
ainda resta nessa região”, afirmou D'Avila.
Durante a expedição,
o Greenpeace pode constatar também uma
queda na atividade madeireira, reflexo de medidas
adotadas pelo Ibama e da Operação
Curupira. “O fluxo de madeira ilegal caiu”, disse
d'Ávila. “Isso demonstra que, quando age,
o governo pode fazer diferença.”
O asfaltamento total da rodovia
BR-163 é uma das obras prioritárias
do governo Lula. Com 1.764 quilômetros de
extensão, dos quais cerca de 900 quilômetros
não pavimentados, a rodovia liga Cuiabá,
capital do Mato Grosso, à cidade portuária
de Santarém, no Pará.
Em 2002, a parte asfaltada da
estrada no Mato Grosso tinha perdido 57% da cobertura
florestal na faixa de 50 km de cada lado da estrada.
No trecho paraense, não asfaltado, o desmatamento
não passava de 9%. O Greenpeace acredita
que, antes do asfalto, precisa chegar o governo.
O Estado brasileiro deve se fazer presente de
forma permanente na Amazônia, através
do fortalecimento das instituições
como Ibama, Incra e Polícia Federal; da
criação e implementação
efetiva das áreas protegidas; e da adoção
de medidas estruturantes, tais como o apoio à
produção familiar e o estímulo
a atividades florestais realmente sustentáveis
que resultem em um modelo de desenvolvimento que
combine proteção ambiental e justiça
social para os milhões de brasileiros que
vivem na Amazônia.