27/01/2006
- A maior dificuldade dos 27 participantes
da Associação de Artesãos
de Novo Airão (Aana) é conseguir
arumã (uma planta amazônica)
para confeccionar seus produtos. Não
que a matéria-prima seja rara naquele
município do Médio Rio Negro,
no Amazonas, mas há poucos locais onde
a extração é permitida.
"O arumã nasce na várzea
(terras inundáveis), na beira dos igarapés
(pequenos rios), mas como cerca de 85% de
Novo Airão são áreas
protegidas, a gente tem pouco lugar onde pode
retirar", explicou a tesoureira da associação,
Euzilene Barbosa da Silva, em entrevista à
seção Meio Ambiente, que todas
as sextas-feiras é veiculada no programa
Ponto de Encontro, da Rádio Nacional
da Amazônia.
Segundo Euzilene, o caminho
para driblar o obstáculo foi encontrado
no manejo, o uso programado e controlado dos
recursos naturais, com técnicas e procedimentos
que respeitem o ciclo natural de reprodução
da espécie. Com apoio da organização
não-governamental Fundação
Vitória Amazônica (FVA), vencedora
do Prêmio Chico Mendes Meio Ambiente
em 2005, a associação começou
o manejo do arumã em 2000. "O
corte é feito com terçado (facão),
em sentido diagonal. De cada touceira (planta),
retiramos apenas metade dos talos maduros.
E pegamos só um olho (talo jovem) por
touceira, para fazer o acabamento do artesanato",
explicou.
O trabalho é todo
manual – para tingir a fibra de vermelho,
por exemplo, usa-se urucum ou resina de casca
de anta. Com objetivo de melhorar a produção
e a venda, os artesãos fizeram também
cursos de confecção de luminárias,
de comercialização e de padronização
dos produtos. Além disso, receberam
capacitação em formação
de lideranças e em elaboração
de projetos, para aprender a captar recursos,
principalmente.
A renda média dos
artesãos varia de R$ 200 a R$ 300.
Segundo Euzilene, as vendas são feitas
por encomenda, em geral de Manaus, São
Paulo ou Rio de Janeiro. "Já participamos
também de feiras e eventos no Acre,
e Brasília e na Espanha", revelou
Silva.
No ano passado, a Aana venceu
o prêmio Ação, da revista
Cláudia. a associação
foi criada em 1996, mas somente em 2000 teve
inaugurada sua sede.