03/02/2006 - O presidente
interino do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
e Recursos Naturais Renováveis (Ibama),
Valmir Ortega, disse hoje (3) que a atuação
do instituto no Pantanal, ampliando a fiscalização,
representa um esforço para diminuir
a pressão que a região tem sofrido
pelo desmatamento.
Ele lembrou que, no mês
de janeiro, três siderúrgicas
da região foram multadas em R$ 20 milhões,
por exploração ilegal de carvão.
Nesta semana, o Ibama aplicou multa de R$
6 milhões aos responsáveis pelo
contrabando de madeira na fronteira com a
Bolívia.
Ortega participou hoje (3)
de uma reunião com técnicos
do Ministério do Meio Ambiente (MMA)
e da organização não-governamental
Conservação Internacional para
debater a criação de um grupo
de trabalho responsável pelo monitoramento
e refinamento das técnicas e instrumentos
de controle das perdas anuais de vegetação
nativa no Pantanal.
Segundo Ortega, o encontro
serviu para examinar um conjunto de estudos
e avaliar a metodologia de cada uma dessas
instituições para combater o
desmatamento. "Dessa forma, temos uma
avaliação dos dados mais precisa
para tomar decisões no sentido de ampliar
a fiscalização e o controle
sobre o desmatamento na área",
afirmou.
De acordo com Ortega, embora
se saiba que tem havido "um crescimento
significativo do desmatamento do Pantanal",
o Ibama não dispõe de dados
completos sobre a extensão disso. "Estamos
apurando os dados que os diversos estudos
têm, para chegarmos a um número
mais próximo possível do real".
Ele lembrou que, no caso do Pantanal, a planície
de inundação que caracteriza
a região, com uma vegetação
rasteira e pastagem nativa, dificulta a avaliação
do desmatamento.
Segundo ele, outro fator
que contribui para o desmatamento na região
é a expansão da chamada "pastagem
exótica", que substitui o capim
nativo por braquiária (capim específico
para alimentação de gado), e
permite maior expansão das fazendas
de gado.
De acordo
com a diretora do Programa Pantanal da ONG
Conservação Internacional, Mônica
Barcelos, a estimativa é de que, até
2004, 17% da área do Pantanal já
haviam sido desmatados. "Para a Bacia
do Alto Paraguai, onde o Pantanal está
inserido, essa porcentagem sobre para 44,5%",
observou. Ela alertou sobre um dado que considera
ainda mais preocupante. "Entre 2000 e
2004 a taxa com que esse desmatamento tem
ocorrido chegou a 2,3%. Se isso for mantido,
em 45 anos teremos perdido toda a vegetação
nativa do Pantanal".