13/02/2006
- O Brasil deve se tornar independente na
produção de petróleo
e derivados ainda neste ano. Foi o que revelou
hoje (13) o diretor do Departamento de Combustíveis
Renováveis do Ministério das
Minas e Energia, Ricardo Dornelles, em seminário
para representantes do Sistema de Integração
Centro-Americano e do Caribe (Sica).
Realizado pelo Departamento
de Produção Comercial do Ministério
das Relações Exteriores, o encontro
serviu para mostrar a experiência brasileira
na produção do álcool
combustível, como parte do acordo assinado
entre o Brasil e os países que integram
o Sica para ajuda técnica e científica.
Despois de relatar a experiência
brasileira na produção de álcool
combustível, iniciada em 1979 com o
lançamento do Proálcool, Dornelles
falou da diversificação das
fontes de energia, com o uso da gasolina,
álcool, diesel, gás natural,
biodiesel e outras fontes renováveis.
"Hoje 44% das fontes de energia, entre
todas as usadas no país, são
renováveis. Esse índice é
de 14% no mundo", disse.
Segundo o diretor, o Brasil
ainda importa 6% do diesel e 38% do gás
natural que consome. E exporta 13% da gasolina
e 16% do álcool que produz. Os investimentos
em tecnologia e a diversificação,
acrescentou, permitiram à Petrobras
a expectativa de alcançar a independência
na produção de petróleo
e derivados.
O diretor do Departamento
de Cana-de-Açúcar e Agroenergia
do Ministério da Agricultura, Ângelo
Bressan, disse aos representantes da missão
do Sica que dentre as lições
proporcionadas pelo Proálcool ao país,
a mais significativa foi a de planejamento
dos estoques. Isso porque o álcool
vem da produção agrícola,
sempre dependente das condições
climáticas ideais. "O Proálcool
acabou não por falta de confiança
do consumidor, o que foi conquistado, e sim
porque a demanda foi muito grande e a oferta
não acompanhou", acrescentou.
A necessidade de diversificar
a matriz energética, por motivos econômicos
e ambientais, segundo o dirtor, fez com que
o Brasil tivesse sucesso no desenvolvimento
de tecnologia como a dos motores flex fuel
(de carros que andam movidos a álcool
ou a gasolina). "Se no Proálcool,
o mercado era totalmente regulado, inclusive
os preços, hoje o setor privado age
livremente e orientado pela própria
dinâmica do mercado", observou.
Para o engenheiro Carlos
Echeverría, da Unidade de Hidroenergia
e Combustíveis Renováveis da
Guatemala, a experiência brasileira
pode servir de inspiração a
seu país, interessado em introduzir
o álcool anidro na matriz energética
por motivos ambientais. "O benzeno, que
era usado para oxigenar a gasolina, foi proibido
pelo ministério do meio ambiente, porque
é um pesado contaminante. Então,
poderia ser usado o etanol (álcool)
em substituição ao benzeno",
explicou.
Outro benefício com
a adição de álcool anidro,
de acordo com Echeverría, seria no
desenvolvimento de projetos de Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL) previstos no Protocolo
de Quioto. Ou seja, a Guatemala poderia vender
créditos de carbono a países
que não conseguem reduzir suas emissões
de gases causadores do efeito estufa, ao acrescentar
uma fonte energética renovável
a sua matriz.