20/02/2006
– O presidente da Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), vinculada ao Ministério de Minas
e Energia (MME), Maurício Tolmasquim,
informou à Radiobrás que o governo
federal já não pretende mais
incluir eclusas (canais em rio onde há
grande desvio do leito, para permitir subida
e descida de embarcações) no
projeto de construção das hidrelétricas
Jirau e Santo Antônio, em Rondônia,
no Rio Madeira. "As eclusas não
seriam muito úteis agora, porque para
termos a hidrovia a gente necessitaria também
da construção da hidrelétrica
Guajará Mirim, binacional, que ainda
está em negociação com
a Bolívia".
Quando o governo federal
anunciou que construiria as duas hidrelétricas,
em junho do ano passado, deu destaque para
o fato de que elas viabilizariam a estruturação
de uma hidrovia ao longo do Rio Madeira, com
4,2 mil quilômetros. Ela representaria
uma via alternativa para exportação
da produção agrícola
do Centro-Oeste pelo Oceano Pacífico,
atravessando a Bolívia e o Peru. "As
eclusas podem ser construídas a qualquer
momento", ponderou Tolmasquim.
Ele negou que a modificação
no projeto tenha sido motivada por protestos
de entidades ligadas ao Fórum Brasileiro
de ONGs e Movimentos Sociais (FBOMS). "Em
termos de impacto ambiental, a retirada das
eclusas praticamente não tem conseqüências
para a obra", afirmou. "Indiretamente,
sem a hidrovia, as restrições
ao tráfego na região continuam
e, portanto, há menos presença
externa lá. Isso agrada os ambientalistas,
mas não foi o motivo da alteração".
Por fim, Tolmasquim revelou
que a retirada das eclusas do projeto diminui
seus custos em 5% a 10% do previsto. "Ainda
estamos fazendo os cálculos para saber
quanto representará de fato essa economia,
mas ela será significativa". A
construção do complexo do Rio
Madeira, incluindo as eclusas, custaria em
torno de R$ 19 bilhões, segundo estimativas
de Furnas e da construtora Odebrecht, proponentes
do empreendimento.
A capacidade de geração
das novas hidrelétricas será
de 6,45 mil megawwatts, mais da metade da
energia produzida pela usina hidrelétrica
de Itaipu (a maior do Brasil, com potencial
de gerar 11,20 mil megawatts) e 20 vezes o
atual consumo total de energia em Rondônia.
A construção delas deve demorar
de oito a dez anos.
Segundo a assessoria de
imprensa do MME, a intenção
é que a concorrência pública
do empreendimento aconteça no próximo
leilão de energia, previsto para maio.
Mas para isso, é necessário
que a obra tenha licença ambiental
prévia. Já a assessoria de comunicação
do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama)
informou que não há data prevista
para conclusão da análise do
Estudo de Impacto Ambiental e do Relatório
de Impacto no Meio Ambiente (EIA-Rima) apresentados
por Furnas e pela Odebrecht.