16/02/2006 - Um ano após
a entrada em vigor do Protocolo de Quioto,
o WWF-Brasil faz um alerta à sociedade
sobre a urgência do tema mudanças
climáticas e sua relação
direta com o desmatamento. As emissões
de carbono resultantes dessa prática
no país evidenciam a urgência
de uma postura mais firme do governo brasileiro
para manter de pé a floresta. No Brasil,
o desmatamento é responsável
por cerca de 80% das emissões de carbono
porque depois de derrubada, a floresta é
queimada.
“O Protocolo de Quioto é até
hoje a única ferramenta internacional
na luta contra um dos maiores desafios para
a humanidade, o aquecimento global. Por isso,
é essencial o cumprimento de suas metas",
diz Denise Hamú, Secretária-Geral
do WWF-Brasil. "Infelizmente, ainda estamos
longe de implementar reduções
significativas e duradouras que reduzam as
emissões causadas pelo desmatamento”,
complementa.
O ano de 2006 é crucial para a luta
contra as mudanças climáticas
no Brasil. “Tanto a construção
de centrais termelétricas no Sul quanto
o desmatamento na Amazônia devem ser
combatidos urgentemente para proteger a população
brasileira e a biodiversidade dos possíveis
efeitos catastróficos do aquecimento
global”, alerta Giulio Volpi, coordenador
do Programa de Mudanças Climáticas
para a América Latina da Rede WWF.
A partir de agora, uma nova oportunidade se
apresenta ao governo brasileiro para combater
o desmatamento respeitando os acordos internacionais
sobre mudanças climáticas. O
plano de ação estabelecido na
conferência da ONU sobre mudanças
climáticas em Montreal, em dezembro,
prevê a criação de mecanismos
de compensação financeira aos
países em desenvolvimento que diminuírem
suas emissões por meio da redução
de suas taxas de desmatamento. De acordo com
esse plano, em março de 2006, o Brasil
deverá apresentar uma estratégia
de combate ao desmatamento no âmbito
das mudanças climáticas.
Para o WWF-Brasil, existe um leque variado
de opções para os tipos de compromissos
que poderiam ser adotados. Uma delas seria
o país se comprometer a adotar uma
meta nacional para reduzir as emissões
provenientes do desmatamento, acompanhada
de verbas específicas para sua implementação.
Se for estabelecido um compromisso internacional,
ele poderia ser financiado por intermédio
do mercado de carbono ou de outros mecanismos
financeiros como empréstimos ou doações
dos fundos multilaterais e bilaterais.
Em 2005, em todo o mundo, houve a maior quantidade
de tempestades (26), a maior quantidade de
furacões (14 – tempestades com ventos
acima de 119 km/h) e a maior quantidade de
furacões de categoria 5 (com ventos
acima de 249 km/h). Para evitar o impacto
ainda maior do aquecimento global, será
preciso começar a reduzir as emissões
globais entre 2015 e 2020. Os países
industrializados terão que diminuir
suas emissões em 30% até 2020.
Segundo um documento que está sendo
produzido pelo WWF, isso requer reduções
significativas e rápidas das emissões
provenientes de todas as fontes, incluindo
o desmatamento.
“Se o Brasil quer realmente salvar suas florestas
e contribuir com os esforços para diminuir
as causas do aquecimento do planeta de modo
mais incisivo, é importante estar disposto
a estabelecer um plano de metas nacionais
quantitativas de redução do
desmatamento na Amazônia”, diz Volpi.