A Mata Atlântica praticamente
intocada nos arredores e os cenários
oferecidos pelo local tornam a estrada da
Serra da Macaca um dos principais atrativos
do Parque Estadual “Carlos Botelho”. Criada
em 1940, compreende trecho em terra de 33
quilômetros da SP-139, rodovia que liga
São Miguel Arcanjo a Registro, no Vale
do Ribeira. Para percorrê-la, é
necessário vencer 300 curvas e oito
pontes datadas de 1939 e 1940.
Caminhadas, passeios de bicicleta e cavalgadas
são atividades comuns na área.
Tradicionalmente, a estrada serve também
de rota para os devotos de São Bom
Jesus de Iguape, que fazem percurso de 180
quilômetros. O músico Dudu Terra
foi um dos que perceberam nesse segmento um
trabalho a ser explorado. Por meio da Andakunfé
Turismo e Aventura, ele e alguns companheiros
montaram estrutura em que o romeiro sai de
São Miguel Arcanjo com carro de apoio,
paradas determinadas e outras comunidades.
A caminhada ocorre na Semana Santa, mas a
meta é estendê-la para outras
duas datas. “Achamos que, fazendo mais vezes
ao ano, isso vai estimular outras caminhadas
e trilhas, principalmente com a instalação
da estrada parque”, afirma Terra.
Lamarca
– Além dessas atividades, do próprio
contato com a natureza e da possibilidade
de avistar animais, a via que corta o parque
pontos de interesse ao visitante. A Cachoeira
Água da Vaca inclui-se entre os atrativos
cênicos. Na bica Pedro Tanaka, a curiosidade
fica por conta de um episódio histórico.
Ali, o guerreiro e ex-capitão Carlos
Lamarca se refugiou e foi perseguido durante
a ditadura militar. Teria interceptado nesse
lugar um caminhão do Exército
(onde estaria o soldado Pedro Tanaka), fugindo
para São Paulo com as roupas do militar.
Outros pontos são o Rancho do DER,
área de descanso com quiosque e mirantes.
Benfeitorias
– Para melhorar as condições
da via, o governo estadual liberou recursos
destinados a recuperar as encostas e conter
erosões. A partir do ano que vem começa
a construção de dois mirantes,
dois quiosques e outras instalações.
As benfeitorias fazem parte do Projeto Ecoturismo
na Mata Atlântica, que prevê,
ainda, a revitalização de edificações
e equipamentos no Núcleo Sete Barras
e a construção no local de centro
de recepção, estacionamento,
banheiros e outras dependências. O programa
compreende levantamento de atrativos do parque,
plano de monitoramento dos impactos da visitação
e demais estudos.
Duas bases de vigilância, inauguradas
recentemente, situam-se estrategicamente na
sede (Km 78 da SP-139) e no Núcleo
Sete Barras (Km 45). As instalações,
construídas por meio de parceria com
o banco alemão KFW, como parte do Programa
de Preservação da Mata Atlântica
(PPMA), integram o projeto de fiscalização
do parque. São equipamentos que auxiliam
na tarefa de inibir a ação de
coletores ilegais de palmitos e de caçadores.
As bases dispõem de quartos, banheiros
e outras dependências e abrigam os 13
vigias do parque e os membros dos três
pelotões da Polícia Ambiental
(de Sorocaba, Itapetininga e Registro) em
suas operações na região.
Ainda como parte do projeto de fiscalização,
o Instituto Florestal vai instalar, em breve,
sistema de radiocomunicação
nos dois portais da unidade de conservação.
Trabalho integrado
com as populações vizinhas
A integração
com as prefeituras e populações
vizinhas é uma das principais atividades
realizadas pelo Parque Estadual "Carlos
Botelho". Por iniciativa da unidade foi
criado, por exemplo, o Conselho Municipal
de Turismo de São Miguel Arcanjo, que
mostrou como poderiam surgir empregos com
base na atividade turística. Outro
órgão instituído foi
o conselho de Defesa do Meio Ambiente que,
com o Departamento de Ensino da Prefeitura
de São Miguel, introduziu a disciplina
Educação Ambiental nas escolas
locais.
Com base nesse princípio de interação
nasceram projetos como o Floratlântica.
“A idéia era montar um viveiro de plantas
nativas no parque com voluntários do
entorno – basicamente adolescente – mas a
iniciativa acabou tendo desdobramentos”, relata
o biólogo Célio Paulo Ferreira,
coordenador do Projeto. Isso desencadeou a
formação de monitores ambientais,
por meio de capacitação continuada.
Além de conteúdo direcionado
para essa atividade, os participantes assistem
a palestras e têm aulas.
O projeto, com parceria da organização
não-governamental Caapuã e apoio
da empresa Marquesa S.A., engloba a produção
de camiseta e artesanatos. São 12 monitores
(remunerados) e cerca de 30 voluntários.
Orientação vocacional e encaminhamento
social são alguns dos objetivos das
atividades.
Outros trabalhos de integração
com a região são a produção
de mudas de palmitos com a Associação
do Desenvolvimento do Bairro do Rio Preto,
em Sete Barras, e o Projeto Terceira Idade.
O primeiro tem por objetivo a geração
de renda. O outro, coordenado pela funcionária
da unidade Elsa Fogaça Gomes, consiste
em trazer o público idoso para conhecer
o parque.