10.03.2006 – Manaus - Como que por um passe
de mágica, a chuva deu uma folguinha
e os voluntários do Greenpeace aproveitaram
a manhã ensolarada que se abriu sobre
a Feira de Artesanato e Café Regional
da Avenida Eduardo Ribeiro no domingo passado
(05/03), para preparar o recado dos jovens e
crianças de Manaus à 8ª Conferência
das Partes da Convenção de Diversidade
Biológica (CDB), que acontece de 20 a
31 deste mês, em Curitiba.
Sobre o asfalto, uma
faixa gigante de 5 metros por 7 metros
com a mensagem “A Amazônia tem
pressa!” ganhou um toque mais que especial
com os inúmeros carimbos coloridos
feitos através da impressão
das próprias mãos de quem
passava por ali. Pintar e desenhar na
faixa também eram atividades
estimuladas pelos animados voluntários,
e as crianças não se intimidaram:
tintas e pincéis deslizavam com
inspiração pelo tecido
branco, criando sóis, luas, pássaros,
árvores, animais, corações,
rios, e escrevendo nomes ou palavras
de ordem em proteção à
biodiversidade. “A gente tem que ser
radical pra defender a natureza, senão
não sobra nada”, afirmou o estudante
Flávio Mendonça, de 15
anos. Tinha diversão e estímulos
à reflexão para não
deixar ninguém de fora, independentemente
da idade. Enquanto os pequeninos se
divertiam no concorrido jogo Em Busca
da Paz na Floresta ou tinham suas faces
pintadas com onças, botos e borboletas,
dentre outros animais, os pais e os
filhos mais grandinhos recebiam explicações
sobre o objetivo da atividade. Não
faltaram esclarecimentos sobre o programa
Jovens pelas |
Florestas, a CDB (considerada
uma das mais importantes convenções
ambientais do mundo), a campanha da Amazônia
e sobre o próprio Greenpeace e suas reivindicações
nesta Convenção. “Além,
é claro, de deixarmos claro por que é
fundamental a participação das
crianças e jovens em uma reunião
internacional como a CDB”, declara a voluntária
Leonor Cristina Silva Souza, de 21 anos. Para
o programa Jovens pelas Florestas, trata-se
de uma oportunidade muito boa para proporcionar
a participação direta e dar voz
a quem simboliza o futuro do planeta e quer
ver as florestas e a vida protegidas.
Amigos da natureza
Observando as netinhas se divertindo, Charife
Silva Chalub, 61 anos, declarou que atividades
com este caráter educacional devem
ser também levadas ao interior dos
estados. “Só que com o objetivo de
conscientizar os fazendeiros que estão
destruindo tudo e são, na minha opinião,
os maiores criminosos da natureza”, sugeriu
ela. Nascida em uma região de seringais
no Acre, ela diz que os antigos moradores
da floresta estão sendo expulsos rapidamente
de suas terras e, sem alternativas, têm
que mudar para as cidades. “Essa é
a minha própria história. Eu
sofri muito e sei a urgência de se proteger
essas áreas”, disse Charife. Ela afirma
que atividades lúdico-educativas como
essa, realizadas pelo Greenpeace, ensinam
muito às crianças. “Da próxima
vez que elas estiverem brincando e forem quebrar
um galhinho ou pisar em uma plantinha no jardim,
elas vão pensar antes e não
irão maltratar a natureza”, concluiu.
Enquanto
tudo isso acontecia, os versos rítmicos
do Samba pela Vida (criado especialmente para
o desfile programado pelo Greenpeace durante
a CDB) que saíam dos alto-falantes
anunciavam: “Nosso sonho é ver as florestas
no lugar, ver para sempre o uso sustentável
dessa herança milenar... Toda a vida
sendo protegida, em rios, matas, terra e mar.
Aqui ninguém quer mais tristeza, só
quer razões pra festejar... Cantamos
hoje pra depois ninguém chorar, pra
convencer governos, mentes, corações,
que sem vontade e grana não vamos deixar
biodiversidade pras futuras gerações...”.
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