(08/03/06) - Será
nesta sexta-feira, dia 10, em Aracaju, o lançamento
oficial do Projeto Guigó, que prevê
a realização de estudos científicos
e ações que vão garantir
a sobrevivência da espécie de
primata Callicebus coimbrai.
O lançamento ocorrerá
durante a inauguração da nova
sede da Gerência do Ibama em Sergipe,
às 15:00 horas e contará com
a assinatura do Acordo de Cooperação
Técnica para desenvolvimento do Projeto
envolvendo o Ibama, representado pela sua
Gerência Executiva no estado e pelo
Centro de Proteção de Primatas
Brasileiros, a Universidade Federal de Sergipe
e a Codevasf, com a presença de diversas
autoridades e pesquisadores convidados.
Projeto Guigó
O Projeto Guigó reunirá
um pool de instituições governamentais
envolvidas em um esforço conjunto para
implementação de ações
efetivas voltadas à conservação
de uma espécie da fauna brasileira
ameaçada de extinção,
que na verdade representa uma bandeira para
conservação dos remanescentes
dos ecossistemas de Mata Atlântica no
estado de Sergipe, afirma Marcelo Marcelino,
Chefe do Centro de Proteção
de Primatas Brasileiros. O projeto prevê
para os próximos dois anos a implementação
de um conjunto ordenado de ações
que, entre outras estratégias, promoverá
o estabelecimento de uma rede de Unidades
de Conservação, envolvendo áreas
públicas e de domínio privado,
estas últimas através do estímulo
à criação de Reservas
Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs),
realização de estudos em ecologia
e genética da espécie, e o desenvolvimento
de ações educativas para inserção
das comunidades locais no esforço de
conservação.
Segundo Márcio Macedo,
Gerente do Ibama em Sergipe, este é
um trabalho que envolve instituições
importantes e de atuação efetiva
no estado, numa parceria de peso, cujo Acordo
de Cooperação Técnica
apenas formaliza e amplia um esforço
compartilhado que estas instituições
já vem realizando nos últimos
dois anos.
Desde 2004 pesquisadores
das três instituições
realizam o mais completo mapeamento das áreas
de ocorrência do macaco-guigó
em Sergipe, que resultou na descoberta de
15 novas populações da espécie
além das já anteriormente conhecidas.
Uma extensa base de dados foi formada, permitindo
aos pesquisadores a preparação
de novos estudos que avançarão
na caracterização genética
de algumas populações do guigó,
procurando-se identificar linhagens intra-específicas
independentes e o possível impacto
da fragmentação dos habitats
sobre a diversidade genética da espécie.
Primata criticamente
em perigo
O guigó é
o último primata descoberto na Mata
Atlântica. É uma das mais recentes
espécies de primatas neotropicais reconhecidas
pela ciência, descrita em 1999 pelos
pesquisadores S. Kobayashi e Alfredo Langguth.
O Callicebus coimbrai ocorre em reduzidos
remanescentes de mata no estado do Sergipe
e norte da Bahia. Atualmente, o guigó
é reconhecido como uma das espécies
de primata mais ameaçadas de todo o
continente americano, constando entre as 26
espécies de primatas da lista da Lista
da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
nas listas brasileira (Ibama/MMA) e considerada
“Criticamente em Perigo” pela Lista Vermelha
da União Internacional para Conservação
da Natureza (IUCN), que reconhece apenas 10
espécies no Brasil nesta condição.
A perda de habitat é a principal causa
para o risco de extinção da
espécie, situação que
é agravada pela prática da caça
e pelo corte seletivo de madeira que diminui
a qualidade dos habitat remanescentes e acentua
a pressão para o declínio de
suas populações.