(16/03/06)
- O 3º Encontro das Partes do Protocolo
de Cartagena sobre Biossegurança (MOP
3, na sigla em inglês) e a iminência
do início da 8ª Reunião
das Conferência das Partes da Convenção
sobre Diversidade Biológica (COP 8),
que atraíram a Curitiba delegações
de 188 países, mudaram a paisagem da
capital paranaense.
Criatividade é o
primeiro ponto, mas a tradição
curitibana de facilitar a vida dos habitantes
foi estendida aos visitantes.
Quem chega à cidade
pelo aeroporto ou pela rodoviária se
depara com cartazes gigantes da campanha A
Biodiversidade Está na Gente, sacada
publicitária que caiu no gosto dos
participantes do evento. Posicionados em vários
pontos da cidade de raros edifícios
altos, os banners exibem macrofotografias
de rostos humanos com caractetísticas
naturais que os assemelham a animais. Há
a mulher-onça com olhos absedados,
a mulher-peixe de lábios carnudos etc.
Quem toma os ônibus
da prefeitura que partem do shopping Estação
e de hotéis com passageiros de nacionalidades
de todos os continentes, pára para
admirar a decoração dos veículos.
As latarias receberam pintura especial ecológica,
além de adesivos enormes de borboletas,
que “sobem pelos vidros das janelas”.
A espera pelo ônibus
se dá em confortáveis tubos
de ferro e vidro, de onde o passageiro adentra
o coletivo, protegido da intempérie.
Ainda não choveu desde que começou
a COP 3, em 13 de março. Mas, se chover,
os tubos protegerão os passageiros.
Jovens estudantes uniformizados
auxiliam os participantes a se situarem na
cidade. Dão informações,
distribuem folhetos, pedem táxis, indicam
pontos de ônibus.
Durante o percurso de cerca
de 10 quilômetros, em trânsito
fácil até o local do evento,
um complexo de salas imensas chamado Expotrade,
em Pinhais, na Grande Curitiba, o viajante
tem a oportunidade de treinar o ouvido e de
praticar línguas, que vão do
Japonês ao Espanhol, passando pelo Português.
A organização
é tamanha que chega, em alguns momentos,
a pecar pelo excesso.
Na entrada, todos, delegados
com direito a voto, observadores, jornalistas
etc. são obrigados a passar por portas
com sensores de metal iguais às que
existem em aeroportos. Na sequência,
são instados por seguranças
bilíngues a abrir pastas, bolsas e
maletas e se submeter a uma revista. As mãos
dos porteiros vasculham intimidades, mas ninguém
reclama. Nem adiantaria, já que a vigilância
é inflexível.
O zelo com segurança
prossegue no interior do local do evento.
Por exemplo: se o visitante ingressar na área
reservada à praça da alimentação
(onde, pelo excesso de clientes, só
a natural “confusão” suplanta os preços),
ao retornar à dos debates o visitante
deve se submeter à nova revista de
pastas, bolsas e maletas.
Na hora do almoço,
o serviço de pronto socorro médico
provou que está funcionando bem. O
observador queniano Jesse Machuka lavava as
mãos no banheiro do Expotrade quando
desmaiou, após uma parada cardíaca.
Rapidamente foi cercado por pelo menos dez
soldados socorristas, que, com massagens no
peito, fizeram-no voltar a respirar. Chegaram
então os médicos com aparelhos
de ressuscitação. O queniano
teve novas paradas cardíacas, mas foi
reanimado. Uma ambulância pública
do SAMU, de prontidão no pátio,
levou o homem ao hospital.
Uma vez dentro do complexo,
a atenção é total.
Jovens sorridentes, instalados
em quiosques, continuam a prestar informações.
Se quiser assistir a uma reunião, qualquer
pessoa tem direito a receber fones especiais,
parecidos com rádios, pelos quais ouvirá
tradução simultânea para
cinco idiomas.
Jornalistas, famosos reclamões,
não têm do que reclamar em Curitiba.
Uma ampla sala de imprensa, com 30 computadores,
mais telefone e fax, está permanentemente
acessível.