16/03/2006 - Grande parte
dos maiores rios do mundo está perdendo
sua conexão com o mar, segundo a rede
WWF. Além disso, quase um quarto dos
rios está em risco de desconectar-se
dentro dos próximos 15 anos.
De acordo com um relatório do WWF,
somente um terço dos 177 grandes rios
do mundo (de 1.000km e maiores) seguem fluindo
livremente, sem obstáculos como diques
e outras barreiras. Na realidade somente 21
destes correm livremente desde suas nascentes
até o mar, os outros 43 são
grandes afluentes de rios como o Congo, Amazonas
e Lena.
O relatório – Rios em curso livre -
Luxo econômico ou necessidade ecológica?
– mostra que a crescente perda de rios em
curso livre é uma tendência perturbadora,
pois ameaça o abastecimento de água
potável, saneamento, agricultura e
pesca.
"Com tão poucos rios longos de
curso livre, estamos a ponto de perder um
outro recurso natural sem compreender o custo
total dessa perda, antes que seja tarde demais”,
disse o co-autor do relatório, Ute
Collier.
"É irrefutável a importância
dos rios e de suas águas para a vida
das pessoas e para o desenvolvimento do país.
No entanto, a degradação de
um rio é como uma veia entupida de
uma pessoa que pode levá-la à
morte. Para mudar esse cenário é
preciso ampliar a conscientização
junto aos Governos na manutenção
e recuperação dos regimes naturais
dos rios compatibilizando os seus diversos
usos como o abastecimento de água",
alertou Samuel Barrêto, coordenador
do programa Água para a Vida do WWF-Brasil.
O WWF afirma que não se deve subestimar
a ameaça à fauna por causa das
represas dos rios. Grandes populações
de bagres na Amazônia e nas bacias de
Mekong, golfinhos do rio na bacia de Ganges
e o e o wildebeest no rio de Mara, estão
ameaçados pelos efeitos de barreiras
construídas pelo homem nestes rios.
Os diques podem reduzir a quantidade de peixes
nativos em um rio, afetando diretamente a
produtividade da pesca montante e jusante.
Com o livre curso dos rios é possível
regular a contaminação e nivelar
os sedimentos. A carência desse nivelamento
resultou na trágica inundação
de New Orleans após o furacão
Katrina.
"O furacão Katrina foi uma poderosa
lembrança da repercussão negativa
de rios alterados como o Mississipi”, disse
Jamie Pittock, diretor do Programa Global
de Água Doce do WWF. "A perda
desse sedimento necessário para sustentar
as áreas alagadas costeiras, devida
às represas a montante e a canalização
do rio, é um grande fator de devastação
e perda de vidas”.
Os maiores rios de fluxo livre se encontram
na Ásia, seguidos pela América
do Sul e América do Norte. A Austrália
/ Pacífico tem a menor quantidade,
somente três rios e na Europa, incluindo
as áreas oeste do Ural, só tem
um grande rio, o Pechora na Rússia,
que flui livre desde sua nascente até
o mar.
Para o IV Fórum Mundial da água
no México de 16 a 22 de março,
o WWF está chamando os governos para
melhor proteger o curso livre dos rios e aplicar
as recomendações da Comissão
Mundial de Represas.