15-03-2006 – Curitiba -
Mais de mil agricultores protestam no local
onde o Greenpeace exige ação
Mais de mil agricultores
ocuparam um terreno próximo ao Parque
Nacional do Iguaçu, no Paraná,
usado ilegalmente pela gigante da Biotecnologia
Syngenta para plantar soja transgênica.
A legislação brasileira não
permite plantio de transgênicos a menos
de 10km de unidades de conservação.
Os manifestantes são da Via Campesina,
organização de pequenos agricultores
da região.
A multinacional de sementes
Syngenta Seeds não possui as licenças
ambientais exigidas pelo Ibama para realização
de testes com transgênicos em fazenda
localizada em Santa Teresa do Oeste, no Oeste
do Paraná. O prazo para a empresa apresentar
a autorização para a manipulação
da soja e de milho transgênicos e as
licenças do Ibama para a instalação
da empresa terminou nesta quarta-feira à
tarde.
Ironicamente, a cultura
foi plantada no mesmo estado onde 132 países
estão reunidos para discutir medidas
de prevenção no transporte de
produtos transgênicos, com o objetivo
de proteger a biodiversidade dos países
membros do Protocolo de Cartagena.
O Greenpeace exige a destruição
imediata desses grãos. “Esse é
um crime ambiental e ilustra claramente a
atitude da indústria de biotecnologia
e seu nível de respeito pela biodiversidade”,
disse Mariana Paoli, coordenadora da campanha
de Engenharia Genética do Greenpeace.
“Nós esperamos que o governo brasileiro
investigue todo o caso para responsabilizar
a Syngenta e destruir este campo”.
O governador do Paraná,
Roberto Requião, se ofereceu ao governo
federal para queimar a safra de grãos
de soja da Syngenta imediatamente, declarando
que deseja manter o Estado livre de transgênicos.
A ministra do meio Ambiente, Marina Silva,
presente no encontro do Protocolo de Biossegurança,
anunciou que o caso seria investigado.
Delegados de 132 países
estão reunidos no terceiro encontro
do Protocolo Internacional de Biossegurança,
fechados em negociações de padrões
internacionais para rotulagem de carregamentos
geneticamente modificados de alimentos. A
rotulagem específica e exata das safras
de transgênicos é vital para
garantir que não sejam misturados com
produtos não-transgênicos e contaminem
o meio ambiente. Também está
em jogo a avaliação de organismos
transgênicos e seu impacto na biodiversidade.